"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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sexta-feira, 10 de novembro de 2017

O Bode Preto




A prova estava muito difícil, Raquel já tinha desistido de se sair bem na prova. Ficou tentando responder cada pergunta meio que na adivinhação sem se preocupar, sentava no lado da janela e um gostoso ventinho começou a soprar por ela, como o dia estava quente, foi um alivio, pois os ventiladores da sala estavam estragados.

O vento mudou, agora não mais refrescava, por incrível que parecesse, estava fazendo ela tremer de frio. Esticou o braço para fechar um pouco a janela, não conseguiu, quando olhou pra fora viu um bode preto no lado de uma árvore, estava parado olhando fixamente pra ela, seus olhos pareciam enxergar a sua alma. Cutucou um colega pra ver se ele também via aquele bode sinistro, foi impedida pelo professor, a chamando atenção para não colar na prova. Raquel voltou a se fixar na prova, mas ainda com os pensamentos naquele bode, depois de um tempo voltou a olhar pra fora, mas o bode já tinha desaparecido.


Depois da aula e durante toda à tarde aquele bode não saiu da sua cabeça, alguma coisa não estava certa, pensou nisso o dia inteiro, aquele animal não parecia um bode normal, seus olhos pareciam ter a imensidão do universo, e seus pêlos pretos pareciam feitos de puro carvão.


Raquel estava na sala vendo a novela enquanto esperava sua mãe terminar de fazer a janta, sua barriga já roncava de fome, lembrou que tinha deixado na sua mochila metade de um pacote de bolacha. Assim que passou pelo banheiro sentiu um frio na espinha que a travou completamente, o bode preto estava lá dentro parado, imóvel com os olhos fixos nela. A sensação que passava por todo o seu corpo era incompreensível, os pensamentos desapareceram, sua mente vazia apenas fixada naquele momento com o animal. O bode então levanta as patas dianteiras ficando de pé balbuciando palavras inaudíveis como se estivesse rogando uma maldição.


Ela acorda no chão com a roupa molhada de suor, a primeira coisa que vê é o rosto de sua mãe preocupada com o desmaio da filha. Raquel olha pro banheiro, mas o bode havia desaparecido novamente. Raquel contou tudo o que tinha acontecido para sua mãe, que para sua surpresa sabia exatamente o que estava acontecendo.


Há duzentos anos seus antepassados estavam quase morrendo de fome, as plantações estavam morrendo, as dívidas aumentando, a família estava quase indo pra sarjeta. Sua tataravó através de um feitiço invocou um antigo demônio, ele então concebeu prosperidade para a família através das gerações, mas com uma condição bizarra, quando tivesse duas mulheres na família, elas deveriam matar um membro masculino, se não o demônio levaria todos para o inferno, e foi nesse momento que o pai de Raquel chegou.


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