Meu pai sempre me
contava muitas histórias horripilantes, ele gostava de terror e me contara que
vivera o seu próprio terror naquele distrito que nele eu também morava.
Um dos episódios que me deixou muito perturbado e perdendo o sono por muitas noites
foi o episódio em que o meu pai recebera uma visita muito surreal, pois eu
acreditava naquilo, mas a minha mãe e meu irmão eram tão céticos que aquilo nem
chegava tocá-los.
Conta meu pai:
Numa noite fria e
gélida, eu regressava a casa castigado pelo frio que fazia lá fora, cheguei na
porta da minha humilde casa, introduzi a chave na respectiva lacuna e girei
duas vezes, a porta destrancou-se e entrei.
A corrente elétrica
estava fraca, muito fraca quando liguei a lâmpada.
Naquela época eu ainda
tinha os meus 28 anos ainda muito jovem para conhecer o grande e maldoso mundo,
nem conhecia o lado mais obscuro do mesmo. Não durou muito e a luz apagou-se
pelo todo distrito que ainda estava em via de povoamento, intervalos
irregulares de espaços entre vizinhos que nem dava para serem considerados
vizinhos se observavam.
Fui verificar a porta se estava trancada, descobri que ainda não tinha trancado
então mais uma vez girei a chave na fechadura duas vezes e escutei o estalar
daquilo, estava trancada.
Morando sozinho eu
tinha meus materiais desorganizados na mesma gaveta, então procurei uma vela
para poder fazer aquela escuridão desaparecer.
Procurei durante 2
minutos e consegui encontrar, no entanto, ainda faltava os fósforos, eu teria
que procurar mais uma vez. Me dirigi na porta fechada do meu quarto, peguei a
maçaneta, girei, um estalo soou, a porta se abriu e eu entrei encarando o lindo
presente da minha bisavó, que coitada, já não se apresentava na terra com vida,
pois tinha falecido vítima da maldita doença que tem aniquilado muita gente,
que é o famoso câncer.
O presente que eu
naquele momento encarava era um espelho muito lindo e grande com uma altura de
1.70 metro envolvido pelas belas obras de arte feitas de madeira lisa e de pura
qualidade. O espelho passou o brilho da chama da vela e a minha imagem que não
era muito nítida, caminhei com os meus passos serenos para não deixar a
parafina grudar no meu outro presente lindo proveniente da mesma pessoa, era um
lindo tapete que me fazia lembrar das gargalhadas que minha bisavó emitia
juntamente comigo quando ainda criança.
Daí o vento começou a castigar as árvores que
lá fora se apresentavam firmes na terra, os galhos dançavam naquela noite que a
ausência das estrelas e a lua se observava, a escuridão ganhava um grande
espaço para amedrontar os que tinham uma fobia relacionada com ela.
Pus a vela num local que eu considerava adequado, tirei o meu caderno da gaveta
prestes a fazer um trabalho da faculdade, que era para compor uma história de
terror, aquilo era uma grande coincidência, aquele cenário criado não
propositalmente, faria as minhas ideias fluírem com uma qualidade fidedigna.
Quando o bico da minha
caneta beijou a folha do caderno ouvi um som muito alto, parecia um galho
enorme se quebrando, uma ideia para adicionar no meu subconsciente veio na
minha mente, escrevi a primeira palavra quando de repente um audível estrondo
soou muito forte, era trovoada, foi capaz de fazer a minha casa vibrar, claro
que fiquei um pouco assustado com aquela ação tão repentina.
A chama da vela bailava
ao ritmo do vento lá fora, pois o ar penetra em todas partes do mundo até
partes impossíveis o ar está lá presente e no interior da minha casa, claro que
não seria diferente. O bailar da chama parecia não ser normal me dificultando
na iluminação da folha do caderno que eu me preocupava em sujar com a tinta
preta da caneta que segurava com a minha habilidosa mão direita.
Mais uma vez a trovoada berrou e iluminando a casa inteira por um segundo.
A parte mais assustador:
conta meu pai
A luz natural da
trovoada e seu som muito ensurdecedor ainda se exibiam perante o meu medo.
O vento começou a soprar com a sua pujança extrema e a vela perdeu a chama que
iluminava o meu quarto onde eu fazia o meu trabalho da faculdade, parecia que
aquela situação fora criada por uma obra conhecida com o intuito de me
proporcional elementos que me fariam ter inspiração para escrever.
A luz da trovoada iluminava toda a minha casa através das janelas e frestas
existentes na minha pequena casa.
Introduzi a minha mão
no bolso com o objetivo de levar o meu fósforo para mais uma vez acender a
vela.
Levei, acendi a vela
quando de repente a porta se abre com muita turbulência sob a força do vento
que se fazia lá fora, foi uma ação muito rápida. Levantei de imediato com
intuito de fechar a porta, a minha mente tinha sido tomado por um pensamento
peculiar e verídico em simultâneo.
"A porta estava totalmente trancada"
Aquilo não era um vento
normal, mas talvez um fenômeno que eu nem sabia que nome atribuir. Dei o meu
primeiro passo indo a direção da porta da sala, escutei um passo tangendo o
piso de concreto e não era o meu, de imediato dei pausa no meu andar, mais uma
vez escutei um passo descarnado e preguiçoso vindo em minha direção, os meus
pêlos ficaram içados, eu já imaginava o que ia ao meu encontro e não era
amistoso.
Fiquei totalmente enregelado no mesmo estado, nada mais eu desejava além da
morte, pois não estava pronto para observar a cara da coisa que ia em minha
direção.
A escuridão era tensa, apenas quebrada pela bela luz da trovoada, esta que
provocava uma grande algazarra.
Os passos da criatura
começaram a soar sem nenhuma preguiça, o meu coração iniciou um fragor no
interior do peito, as minhas pernas ondulavam os meus pêlos erigiam-se, nada mais
pensei em fazer. A luz da trovoada e seu fragor assolaram a minha casa, virei a
minha cabeça de uma forma contingente e algo fitou a minha cara através do
espelho no mesmo segundo que a luz da trovoada iluminou a casa.
Algo que não tinha a face
como a minha, caso fosse isso claro que afirmaria que aquilo era meu reflexo,
fiquei aturdido e em simultâneo contemplando aquela face medonha, nada da minha
cabeça brotava, capaz de me fazer escapulir da situação em que me encontrava. Os passos da criatura tinham se sobrestado, e provavelmente a face da mesma se
encontrava no espelho. Quando quase perdia os sentidos a luz se restabeleceu, a
casa ficou toda iluminada.
Não sei o que era
aquilo, na manhã seguinte apenas levei tudo o que era meu, e fui para casa do meu
irmão James.