"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Porto Alegre, Rs, Brazil
Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Minha Namorada Vampira – Amor à Primeira Morte


Vocês acreditam em destino? Pois até um tempo atrás também não acreditava nesse tipo de coisa, passei a minha vida inteira renegando que existia algo maior, estava enfrentando uma situação muito difícil, a falta de grana estava quase me fazendo voltar a morar com minha mãe, isso seria um passo atrás na minha vida, não sabia mais o que fazer pra arrumar mais dinheiro, vendi meu Xbox, minha filmadora, mas ainda assim o aluguel e meu curso estavam caros demais pra me manter, meus maravilhosos problemas estavam acabando com minha tranquilidade e não tinha ninguém pra pedir ajuda ou que tivesse condições de me ajudar.

Demorei demais pra entregar um trabalho com isso perdi o ônibus, quando isso acontecia tinha que esperar quase meia hora pro próximo passar, foi o que tive que fazer, a fome apertando o meu estomago e o sono batendo, já era quase meia noite quando finalmente peguei o ônibus, estava vazio provavelmente era o último, mesmo com meu casaco estava com frio, coloquei meus fones de ouvido e sentei no fundo do ônibus como de costume, depois de uns trinta minutos de viagem escutando um podcast sobre cinema cheguei em casa.


Antes de subir as escadas para o meu pequeno apartamento escuto alguns barulhos estranhos no beco ao lado, atrás de um contêiner de lixo vejo dois pés tremendo, deveria ser apenas um bêbado no chão, mas minha curiosidade foi mais forte que meu medo, devagar fui ver o que estava acontecendo. Encima daquele homem no chão tinha uma mulher, longos cabelos loiros sujos e roupa toda rasgada, ela parou de se mexer quando notou a minha presença, estava acocada sobre ele com a cabeça no seu pescoço, quando virou para mim sua boca estava vermelha de sangue.

Corri para minha casa louco de medo, subi as escadas cinco degraus de cada vez, abri e tranquei a porta rapidamente, a porta do corredor era de vidro, olhei durante alguns segundos pra ver se tinha sido seguido, mas pro meu alivio não tinha sido. Abri minha porta, liguei a luz e fui direto pra cozinha comer alguma coisa, mas ainda com os pensamentos naquela cena que tinha presenciado, imaginando que no dia seguinte um monte de policiais estariam ali tentando descobrir o que tinha acontecido, e se falasse o que vi possivelmente seria taxado de louco ou até mesmo suspeito.

Escuto um barulho no meu quarto, caminho devagar até lá com o coração batendo forte, mal conseguia respirar, ascendo a luz e ela estava em pé encima da minha cama, com o susto caio pra trás sobre o meu ventilador.

No chão a olhei, mesmo aterrorizado, mais atentamente, seu rosto sujo de barro e sangue, roupas rasgadas ainda mais sujas, até seu cabelo longo loiro parecia de outra cor, desceu da cama e se aproximou de mim, fiquei em pânico, não sabia o que fazer, aqueles olhos azuis fixos em mim pareciam que estavam me atraindo, me cheirou, por algum  motivo estupido fiquei imóvel na tentativa de parecer morto, como se ela fosse algum animal irracional.

- Calma não vou lhe machucar. – a sua voz ela suave. – Preciso de um lugar pra ficar, só por hoje à noite. – ainda assustado acenei com a cabeça que sim. – Obrigado! Posso tomar um banho? – acenei novamente com a cabeça que sim.

Ela tirou a roupa na minha frente, as deixou no chão e foi até o banheiro, levantei alguns minutos depois que me recuperei, foi difícil de acreditar naquela coisa surreal que tinha acontecido.

Parei na porta do quarto pensando no que poderia fazer enquanto ela cantarolava debaixo do chuveiro.

Peguei uma faca pra me defender, ainda não entendo como apenas não fugi dali, mas minha curiosidade estava me segurando. O chuveiro finalmente foi desligado, ela saiu com a toalha enrolada no corpo, fumaça saindo dela como um vulcão em erupção.

- O que é você?

- Apenas uma menina tentando sobreviver nesse mundo escuro.
Ela se aproximou de mim ainda molhada e deixou a toalha cair, seus olhos ficaram vermelhos, abriu a boca como um predador pronta pra comer a sua presa, eu tremia da cabeça aos pés, quatro de seus dentes caninos aumentaram de tamanho ficando pontudos e salientes, deixei a faca cair numa visível demonstração de fraqueza. Para o meu espanto ela parou e ficou me olhando com uma certa curiosidade, não sabia o que fazer estava hipnotizado a mercê de sua vontade.

- O que foi, meu anjo? Eu falei que não iria te machucar!

- É...É..

- Sim, eu sou uma vampira, muito prazer!

- Prazer! – falei ainda assustado.

- Posso vestir uma roupa sua, as minhas já não estão mais usáveis.

- Ali.

Ele caminhou de volta ao meu quarto, abriu o armário e colocou uma calça de moletom e uma camiseta branca, o meu banheiro estava com sangue por todos os lados, peguei o balde e o detergente, fui limpa tudo aquilo.

- Não bebê, deixa que eu limpo.

- Não se preocupe eu faço.

- Não mesmo! – ela pegou o balde de mim, me afastei de novo assustado, pois seus dentes ainda estavam salientes. – Desculpe esqueci os meus dentes.

- Isso é sério mesmo, tu é mesmo uma vampira?

- Sei que é difícil de acreditar, mas é verdade, fui mordida há alguns anos e dês de então venho vagando pelas ruas evitando o sol.

- Quem te mordeu?

- Não sei quem é, só sei que foi uma mulher.

Agora ali conversando com ela agachada limpando meu banheiro pude notar toda a sua beleza, mesmo ainda confuso se o que falava era mesmo verdade, era difícil acreditar que vampiros realmente existiam, mas no momento acreditar era tudo o que eu poderia fazer.

- Tem algo pra comer? – ela me perguntou logo que terminou de limpar tudo.

- Me diz uma coisa, vampiros não precisam de autorização do dono pra entrar?

- Precisam se o dono estiver em casa, mas entrei aqui antes de você passar pela porta.

- O que vai querer? Não tenho nenhum... – não terminei a minha frase, me virei ela estava sugando o sangue do meu hamister.

- Desculpe!



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A Candidata: Primeira Abdução


Aquele zumbido no meu ouvido parecia nunca querer parar, faz mais de uma semana que isso está me incomodando demais, e afetando meu emprego, escutei alguns colegas de outro setor cochichando Ana Paula pelos corredores, deviam estar reclamando de mim. Vou ter que ir em um médico ver isso o mais rápido possível antes que eu comece a enlouquecer. Em certos momentos do dia ele é quase inaudível, mas em outros dias, tinha a impressão que estavam construindo uma obra na minha cabeça, e uma furadeira estava entre os meus olhos, nesses dias me trancava em casa e me enchia de remédios.


Fui em vários médicos diferentes, mas sempre recebia a mesma resposta, minha cabeça estava em perfeito estado, nenhum problema era achado, nem físico e nem psicológico, isso já estava me consumindo. Perdia diversas horas de sono me revirando na cama sem conseguir me livrar desse zumbido maldito. Cheguei a um ponto certa vez, de pegar uma chave de fenda e enfiar na minha orelha até o ponto de começar a sangrar, era frequente bater minha cabeça nas portas e nas paredes para ganhar algum alívio da agonia que me era acometida.

Em um dos dias que tive uma folga, e finalmente consegui ter um sono tranquilo, fui despertada por um barulho estranho na cozinha, por um momento achei que estava apenas sonhando, que era apenas um fruto de uma mente exausta a ponto de enlouquecer.

Por via das dúvidas me levantei tateando as paredes em ziguezague, acendi a luz ainda com os olhos fechados e quando abri por alguns momentos achei que ainda estava dormindo. Meus eletrodomésticos estavam todos empilhados encima da mesa, junto com cadeiras, vassouras e até o pano do chão. Os alimentos dentro dos armários também estavam encima da mesa, e as portas deles abertas. Nada ficou no chão ou dentro dos armários.


Por um momento não acreditei naquela cena, tive medo que um assaltante estivesse dentro da minha casa. Fui até a sala, mas tudo estava normal, a porta e janelas continuavam trancadas como deixei, nenhum sinal de arrombamento ou invasão a não ser na cozinha.

O zumbido voltou com tudo, me ajoelhei de dor, agora era como uma escavadeira dentro do meu cérebro. Minha visão ficou turva, aos poucos fiquem desorientada e perdendo a noção de espaço. Antes de apagar pude sentir presenças me rodeando e tocando em mim com dedos finos e gosmentos.

Meu cérebro despertou novamente, mas meu corpo não, estava consciente e mesmo assim não conseguia me mover um centímetro sequer. Única coisa que conseguia enxergar, depois de me esforçar para abrir os olhos, era uma forte luz branca em minha direção. Estava deitada nua encima do que deveria ser uma maca. Gritei apenas por pensamento, porque nenhum som saiu da minha boca.

O zumbido voltou, mas agora tinha uma justificativa, estavam furando minha cabeça com alguma coisa. Mesmo não podendo me mexer, eu estava sentindo tudo, pedia para morrer enquanto as lágrimas escorriam, foi a pior dor que já senti na minha vida.  Fiquei inconsciente depois de um tempo, voltava a acorda de tempos em tempos ainda sentindo muita dor.


Quando eles acabaram de fazer o que queriam com minha cabeça, senti diversas mãos passando pelo meu corpo nu, dedos finos e compridos demais para serem de uma pessoa. Em um momento que estava com náuseas e quase vomitando, voltei a controlar o meu corpo, me virei rapidamente e caí da maca, junto derrubei uma prateleira com diversos instrumentos cirúrgicos.

Vomitei muito no chão, saiu de dentro de mim envolto a sangue alguma coisa que não consegui identificar, tive a impressão que estava se mexendo, minhas forças acabaram e eu apaguei novamente. Acordei no chão da minha sala com o sol já raiando, não parei de tremer durante uma semana inteira, fiquei paranoica, nunca contei para ninguém o que aconteceu comigo, e não sei se alguém acreditaria, estou me preparando para o retorno deles, dessa vez não vão me pegar desprevenida, vou descobrir o que fizeram comigo nem que isso custe minha vida.



sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O Homem da Esquina



A festa que antes estava “bombando” ficou cada vez mais para baixo a medida que a maioria das pessoas começaram a ficar bêbadas, estive o tempo todo cuidando dos meus amigos, não tive tempo de ficar bêbado como os outros, no máximo tomei uns dois drinks para me soltar, queria muito beijar uma amiga que há muito tempo estava apaixonado, mas ela nunca notou nada, esperava que hoje finalmente aconteceria algo.


Saímos da festa lá pelas cinco da manhã, ainda estava bastante escuro e nenhum sinal do sol aparecer no horizonte, caminhamos por aquelas ruas desertas cantarolando felizes entre a rua e a calçada, Denise em meus braços esperando eu ter coragem de lhe roubar um beijo. Se fosse dia de semana já teríamos algumas pessoas em paradas de ônibus para ir para os seus serviços, mas já era domingo e nenhuma janela se encontrava aberta.


A lua já tinha sumido, o breu era quase que total, se não fosse a iluminação pública ia ser uma dificuldade para seguir caminho. Os meus amigos foram para trás de uma cerca urinar, e as outras gurias que estavam com eles foram fazer o mesmo, fiquei sozinho com Denise, criei coragem e finalmente dei o tão aguardado beijo nela, foi à coisa mais incrível que aconteceu naquela noite até o momento, ela retribui com mais vontade ainda, ali senti que ela gostava de mim, só fiquei envergonhado quando todos voltaram e começaram a bater palmas, mas minha felicidade era maior do que qualquer outra coisa.

Voltamos a caminhar, ainda faltava muito para chegar nas nossas casas, entramos numa longa rua sem cruzamentos e escura, no final dela finalmente vimos outra rua que a atravessava. Uma figura estava parada na esquina, em primeiro momento não achamos que fosse a silhueta de um homem, pensamos que fosse apenas uma ilusão de ótica, mas quando ele se mexeu vimos que não, da onde estávamos enxergávamos apenas uma figura totalmente de preto e aparentemente com um chapéu, paramos de caminhar, o medo que fosse algum tipo de ladrão ou um psicopata nos fez ficar apreensivos, Denise segurou firme a minha mão e eu tomei uma coragem que nem sabia que tinha.

Falei para avançarmos, éramos oito pessoas contra um, alguns dos meus amigos descordaram, pois temiam que ele poderia estar armado, ficamos durante um tempo sem saber o que fazer. Um dos meus amigos que ainda estava com muito álcool na cabeça decidiu ir sozinho até o encontro do homem na esquina, quis ir com ele, mas Denise pediu para ficar com ela. Marcos foi até lá meio que se desequilibrando, mas ainda sim com o peito empinada querendo parecer o machão do grupo.

De longe vi ele chegando no homem e depois de alguns segundos parado, caiu no chão, engatinhou para longe até conseguir ficar de pé novamente, correu até nós desesperadamente com os olhos arregalados, caiu novamente dessa vez sobre os meus pés, se agarrando nas minhas pernas, gritava feito louco “É o diabo! É o diabo! ”. Meu coração acelerou, não acreditava naquelas coisas, meu amigo também não, por isso tudo era tão estranho, em primeiro momento achei que fosse apenas uma pegadinha, apenas ele tentando nos zoar, mas quando percebi as lágrimas escorrendo nos seus olhos, e o desespero em sua fala, que eu nunca tinha visto antes, sabia que algo de errado estava acontecendo.

Com a cena de nosso amigo esquecemos de vigiar o homem da esquina, quando olhamos ele havia desaparecido, a tensão era grande em todos, ninguém falou palavra alguma durante um bom tempo, e ninguém sabia o que fazer. Denise segurou firme na minha mão, eu a abracei tentando demonstrar que estava segura que a protegeria de tudo. Subitamente a temperatura aumentou, começamos a suar de escorrer o suor pelo corpo, alguma coisa estava emitindo um calor fora do comum. No meu lado, no lado contrário onde eu segurava a mão da Denise, a figura do homem surgiu, corpo inteiramente preto como se fosse um borrão, um chapéu também preto enorme escondia o seu rosto. O mundo parecia ter congelado, o homem me tocou no ombro, não tive nenhuma reação, não consegui ter enquanto ele me queimava com sua mão, entrei em uma espécie de transe, mesmo sentindo dor não conseguia me mexer ou mesmo gritar, escutei e vi o desespero dos meus amigos sem ter reação como se estivessem distantes, longe do meu alcance.

Quando finalmente pude me mexer cai de joelhos no chão, o homem foi caminhando até desaparecer no horizonte, senti outra mão me puxar fortemente, era Denise que aos prantos me puxava para correr junto dos meus amigos que já estavam longe. Corremos o resto do caminho todo até não termos mais fôlego, até hoje quando nos perguntam sobre o que aconteceu naquela noite, meus amigos sempre inventam outra história, eu prefiro ficar calado porque ainda tenho aquela marca no meu ombro, e dês daquele dia nunca mais dormi tranquilo, temendo a volta daquele homem ou o quer que ele seja.


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Minha Mãe Zumbi



Eu não me preparei para isso, não sei se alguém nesse mundo estava preparado para o que aconteceu, os fatos foram escondidos pelos governos e quando finalmente revelaram tudo já era tarde demais, o mundo estava perdido, não tinha mais volta, tudo se tornou uma fração do que era. Os primeiros a se infectar foram obviamente os mais pobres, das periferias da cidade, enquanto os jornais noticiavam o que acontecia e mostravam o terror na vida dessas pessoas. O exército não sabia o que fazer para conter o avanço zumbi, no começo ainda temiam estar matando pessoas inocentes, isso fez a infecção se alastrar mais ainda, quando finalmente chegou nas grandes cidades, o fim da humanidade como a conhecemos estava perto.

A maioria das pessoas tinha sido educada para essas situações em filmes, livros ou séries, nada disso adiantou quando a hora de encarar essas criaturas chegou, eu sempre ria daqueles personagens em filmes que morriam por pura burrice, mas na vida real isso acontecia a cada minuto, seria cômico se não fosse trágico, famílias dizimadas sem pudor ou perdão, zumbis não tinham consciência, e se tivessem estava bem escondida. Matavam sem demonstrar remorso ou compaixão, eram mortos, mas ainda andavam com os vivos, e sussurravam palavras sem sentido enquanto tentavam morder qualquer um que ainda não tinha sido infectado, suas peles apodreciam depressa sem o alimento, que eram nós.

Tudo foi parando de funcionar na cidade, ônibus, mercados, farmácias, escolas, hospitais, a rua ficou deserta com a exceção dos mortos-vivos que cambaleavam pelo chão, morávamos encima de um mercado, quando o dono foi embora trancamos tudo, da janela vi coisas terríveis acontecer, crianças sendo mortas sozinhas, membros arrancados e devorados com crueldade absurda, eles não tinham mais nenhum traço humano.

Durante um bom tempo estávamos protegidos, tínhamos uma certa fartura de comida, eu e minha mãe não podíamos reclamar, com várias pessoas sofrendo, nossa situação era até “boa”. Com a falta de luz, passávamos o tempo conversando e lendo livros, enquanto escutávamos gritos distantes, e a noite com o silêncio na escuridão vinha o gemido em conjunto dos zumbis, aquilo me dava uma agonia no coração, fiquei dias sem dormir por conta disso, cada noite parecia uma eternidade.


Os únicos lugares que as pessoas habitavam eram os prédios e edifícios, qualquer casa no térreo ou era invadida por zumbis ou por pessoas desesperadas. Nos primeiros dias da transformação eles eram fortes e ágeis tanto quanto eram em vida, mas depois de algumas semanas o corpo ia se deteriorando se não se alimentassem, sentiam nosso cheiro e escutavam o mais baixo dos barulhos, não eram iguais nos filmes que destruindo o cérebro eles paravam, os corpos continuavam a caminhar mesmo sem cabeça, era comum ver braços ou pernas mutiladas no chão se mexendo.

 Em uma noite mais tranquila que o normal, escutamos uma criança chorando na rua, ela estava perto de uma árvore, seu choro desesperado estava atraindo uma quantidade enorme de zumbis, minha mãe quis muito ajudar mesmo isso podendo interferir na nossa própria segurança, mas era mais que nossas vidas e a da criança que estavam em jogo no momento, o que nos fazíamos ser humanos também estava em jogo, se deixássemos aquela criança morrer ali devorada ficaríamos internamente igual aos mortos-vivos.

Descemos rápido porque estavam se aproximando, minha mãe queria mais do que tudo salvá-la, durante toda essa ocupação zumbi ela ficou muito incomodada de não fazer nada durante todo esse tempo. As noites eram mais escuras agora sem iluminação, o que deixa mais fácil um zumbi aparecer de surpresa, e infelizmente foi o que aconteceu com minha mãe, ela conseguiu pegar a menina assustada, mas um zumbi atrás da árvore surgiu e mordeu o seu braço, arrancando um pedaço.

Fui atacado também, mas consegui escapar da mordida, corremos de volta para casa, nosso portão ficou cercada de zumbis forçando para entrar, ela me olhou no fundo dos meus olhos, ambos sabíamos o que estava para acontecer, as lágrimas queriam cair, mas ela pediu para ser forte, eu necessitava sobreviver, entramos em casa depois de trancar tudo, ela não fraquejou nem por um momento com a criança nos seus braços em choque, eu sabia que ela estava condenada, mas não podia deixá-la.


Mesmo não querendo demonstrar, ela estava com muita dor, o sangue escorrendo pelo seu braço já tinha uma cor diferente, mais preto que o normal, as bactérias da boca do zumbi eram muito contaminadas. Peguei o que pude de primeiros socorros para tentar estancar o sangramento, ela já estava queimando em febre. Estava mais apavorado do que ela, eu tremia sem parar, rezava por uma solução milagrosa, pois a podridão foi tomando conta do braço e rapidamente se espalharia pelo resto do corpo a transformando no inevitável.


A menina encolhida em um canto da sala olhava apavorada tudo aquilo, minha mãe em sua extrema ternura me pediu pra cuidar dela. Queria ir pra rua de qualquer jeito se transforma lá, mas isso não pude deixar, a amarrei enquanto percebia o seu olhar humano desaparecer.  



LENDAS URBANAS

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