"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Marcelinho


Conto escrito por Fábio Zardo

          Ele dizia que morava na rua de cima. Parecia muito esperto para uma criança de dez anos, e nos últimos dias sempre aparecia na rua para brincar com Aírton. Marcelinho teve uma ideia na tarde fria de inverno: que tal invadir a casa abandonada? Falava de uma grande casa na esquina que há anos não tinha movimento nenhum. Aírton teve medo de levar bronca da mãe por fazer algo errado mas foi facilmente convencido pelo novo amigo. 

          Pularam o muro e testaram a porta dos fundos, onde havia um quintal. Estava aberta. A casa já estava envolta na penumbra do fim de tarde, pouco se discerniam móveis e objetos há muito deixados na pressa da mudança. No andar superior chegaram a uma sala grande onde havia uma luz um tanto tênue. Aírton estava com medo mas assim mesmo entrou na sala. Viu algumas velas acesas no chão, nas pontas de uma estrela dentro de um círculo. Agora ele via na parede a figura de uma espécie de bode sentado num trono. Não entendeu o que era aquilo, e disse com a voz trêmula: 

- Vamos embora Marcelinho, não estou gostando...

         Marcelinho não disse nada, estava com a cabeça baixa, olhando o chão. Aírton saiu da sala e desceu as escadas cada vez mais escuras. Foi até a porta mas ela estava trancada. Marcelinho disse com voz grossa, sinistra : - sinto muito amiguinho, mas é tarde para isso... Aírton viu que Marcelinho era agora um homem adulto. Tentou desesperado abrir a porta, mas viu que era inútil. Chorando, implorou : - me deixe ir, meus pais vão sentir minha falta.

Marcelinho tinha olhos brancos, sem vida: - eles já te esqueceram...

Airton nunca mais foi visto.


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