"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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sexta-feira, 19 de maio de 2017

O Espelho - Escrito por James Nungo



Meu pai sempre me contava muitas histórias horripilantes, ele gostava de terror e me contara que vivera o seu próprio terror naquele distrito que nele eu também morava.
Um dos episódios que me deixou muito perturbado e perdendo o sono por muitas noites foi o episódio em que o meu pai recebera uma visita muito surreal, pois eu acreditava naquilo, mas a minha mãe e meu irmão eram tão céticos que aquilo nem chegava tocá-los.

Conta meu pai:

Numa noite fria e gélida, eu regressava a casa castigado pelo frio que fazia lá fora, cheguei na porta da minha humilde casa, introduzi a chave na respectiva lacuna e girei duas vezes, a porta destrancou-se e entrei.

            A corrente elétrica estava fraca, muito fraca quando liguei a lâmpada.

           Naquela época eu ainda tinha os meus 28 anos ainda muito jovem para conhecer o grande e maldoso mundo, nem conhecia o lado mais obscuro do mesmo. Não durou muito e a luz apagou-se pelo todo distrito que ainda estava em via de povoamento, intervalos irregulares de espaços entre vizinhos que nem dava para serem considerados vizinhos se observavam.
Fui verificar a porta se estava trancada, descobri que ainda não tinha trancado então mais uma vez girei a chave na fechadura duas vezes e escutei o estalar daquilo, estava trancada.


Morando sozinho eu tinha meus materiais desorganizados na mesma gaveta, então procurei uma vela para poder fazer aquela escuridão desaparecer.

            Procurei durante 2 minutos e consegui encontrar, no entanto, ainda faltava os fósforos, eu teria que procurar mais uma vez. Me dirigi na porta fechada do meu quarto, peguei a maçaneta, girei, um estalo soou, a porta se abriu e eu entrei encarando o lindo presente da minha bisavó, que coitada, já não se apresentava na terra com vida, pois tinha falecido vítima da maldita doença que tem aniquilado muita gente, que é o famoso câncer.

                   O presente que eu naquele momento encarava era um espelho muito lindo e grande com uma altura de 1.70 metro envolvido pelas belas obras de arte feitas de madeira lisa e de pura qualidade. O espelho passou o brilho da chama da vela e a minha imagem que não era muito nítida, caminhei com os meus passos serenos para não deixar a parafina grudar no meu outro presente lindo proveniente da mesma pessoa, era um lindo tapete que me fazia lembrar das gargalhadas que minha bisavó emitia juntamente comigo quando ainda criança.

                Daí o vento começou a castigar as árvores que lá fora se apresentavam firmes na terra, os galhos dançavam naquela noite que a ausência das estrelas e a lua se observava, a escuridão ganhava um grande espaço para amedrontar os que tinham uma fobia relacionada com ela.
Pus a vela num local que eu considerava adequado, tirei o meu caderno da gaveta prestes a fazer um trabalho da faculdade, que era para compor uma história de terror, aquilo era uma grande coincidência, aquele cenário criado não propositalmente, faria as minhas ideias fluírem com uma qualidade fidedigna.


                Quando o bico da minha caneta beijou a folha do caderno ouvi um som muito alto, parecia um galho enorme se quebrando, uma ideia para adicionar no meu subconsciente veio na minha mente, escrevi a primeira palavra quando de repente um audível estrondo soou muito forte, era trovoada, foi capaz de fazer a minha casa vibrar, claro que fiquei um pouco assustado com aquela ação tão repentina.



A chama da vela bailava ao ritmo do vento lá fora, pois o ar penetra em todas partes do mundo até partes impossíveis o ar está lá presente e no interior da minha casa, claro que não seria diferente. O bailar da chama parecia não ser normal me dificultando na iluminação da folha do caderno que eu me preocupava em sujar com a tinta preta da caneta que segurava com a minha habilidosa mão direita.
Mais uma vez a trovoada berrou e iluminando a casa inteira por um segundo.

A parte mais assustador:  conta meu pai

A luz natural da trovoada e seu som muito ensurdecedor ainda se exibiam perante o meu medo.
O vento começou a soprar com a sua pujança extrema e a vela perdeu a chama que iluminava o meu quarto onde eu fazia o meu trabalho da faculdade, parecia que aquela situação fora criada por uma obra conhecida com o intuito de me proporcional elementos que me fariam ter inspiração para escrever.
A luz da trovoada iluminava toda a minha casa através das janelas e frestas existentes na minha pequena casa.

Introduzi a minha mão no bolso com o objetivo de levar o meu fósforo para mais uma vez acender a vela.

                 Levei, acendi a vela quando de repente a porta se abre com muita turbulência sob a força do vento que se fazia lá fora, foi uma ação muito rápida. Levantei de imediato com intuito de fechar a porta, a minha mente tinha sido tomado por um pensamento peculiar e verídico em simultâneo.

"A porta estava totalmente trancada"

Aquilo não era um vento normal, mas talvez um fenômeno que eu nem sabia que nome atribuir. Dei o meu primeiro passo indo a direção da porta da sala, escutei um passo tangendo o piso de concreto e não era o meu, de imediato dei pausa no meu andar, mais uma vez escutei um passo descarnado e preguiçoso vindo em minha direção, os meus pêlos ficaram içados, eu já imaginava o que ia ao meu encontro e não era amistoso.
Fiquei totalmente enregelado no mesmo estado, nada mais eu desejava além da morte, pois não estava pronto para observar a cara da coisa que ia em minha direção.
A escuridão era tensa, apenas quebrada pela bela luz da trovoada, esta que provocava uma grande algazarra.

               Os passos da criatura começaram a soar sem nenhuma preguiça, o meu coração iniciou um fragor no interior do peito, as minhas pernas ondulavam os meus pêlos erigiam-se, nada mais pensei em fazer. A luz da trovoada e seu fragor assolaram a minha casa, virei a minha cabeça de uma forma contingente e algo fitou a minha cara através do espelho no mesmo segundo que a luz da trovoada iluminou a casa.

               Algo que não tinha a face como a minha, caso fosse isso claro que afirmaria que aquilo era meu reflexo, fiquei aturdido e em simultâneo contemplando aquela face medonha, nada da minha cabeça brotava, capaz de me fazer escapulir da situação em que me encontrava. Os passos da criatura tinham se sobrestado, e provavelmente a face da mesma se encontrava no espelho. Quando quase perdia os sentidos a luz se restabeleceu, a casa ficou toda iluminada.

Não sei o que era aquilo, na manhã seguinte apenas levei tudo o que era meu, e fui para casa do meu irmão James.

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