"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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sexta-feira, 17 de julho de 2020

Terror em Quarentena




Dois anos trancado nesse cubículo. E há cinco horas olhando por essa janela sem piscar. A quarentena se estendeu muito mais do que qualquer especialista tinha previsto, o vírus mudou, se adaptou, ficou mortal. Andar pela rua agora é proibido por lei, apenas algumas pessoas, com uniformes estão autorizadas a circular, entregando mantimentos e outras coisas.

Escutei gritos e corri pra janela do meu quarto, tive que olhar entre as madeiras que preguei nela. Apesar de morar no segundo andar do prédio, a janela do meu quarto é de fácil acesso. Uma coisa que não disse, foi a mutação que o vírus sofreu, ele pode matar qualquer um infectado agora, e não apenas os idosos estão mais suscetíveis. E os que sobrevivem, se tornam pessoas violentas descontroladas, muito parecidas com zumbis, as pessoas se tornaram um caos assim como o mundo novo.

Uma ambulância parou na esquina. De dentro não saíram enfermeiros ou médicos, mas sim soldados armados. Carregados de fuzis e outras armas, que desconheço o nome. Fizeram um perímetro em volta da ambulância como se fosse um lugar estratégico para um confronto. Fechei mais minha janela deixando apenas uma fresta bem pequena, mas eu tinha a visão de tudo.


Não demorou muito, e o que estavam esperando apareceu. Eram no mínimo umas dez pessoas, totalmente descontroladas, com roupas sujas e esfarrapadas, pareciam que estavam a meses sem tomar banho, o cheiro podre era tão forte que chegou até a mim. Os soldados gritaram para as pessoas se afastarem, mas elas não escutavam e continuaram avançando ameaçadoramente.


Quando estavam a centímetros de distância, os tiros começaram. As pessoas não recuaram, pareciam ter ficado burras, foram caindo uma a uma, e o sangue foi colorindo o chão. Meu coração disparou, até aquele momento não tinha ainda visto uma pessoa ser morta, e fiz minha estreia da pior maneira possível, vendo várias ao mesmo tempo.

Sentei na minha cama refletindo sobre o que tinha presenciado, deitei tremendo um pouco. A cada momento que pensava mais nisso ia ficando mais em choque. Estava pensando em sair um pouco e me aventurar na rua, estava farto de ficar trancado sozinho, mas depois dessa demonstração do que estava acontecendo realmente, essa ideia tinha que ser retirada da minha cabeça.

Levantei bruscamente com mais barulhos vindos da rua. Pensei que fossem os soldados indo embora, mas dezenas de outras pessoas estavam atacando eles. Essas pessoas não pareciam estar “zumbificadas” como as outras, estavam vestindo mascaras e luvas, e atacavam ordenadamente. Eram pessoas enclausuradas assim como eu. Essa revolta popular, e terra de ninguém, é o que me dá mais medo.

Os soldados hesitaram por alguns momentos, por conta de serem pessoas “normais”, mas logo abriram fogo, tarde demais, pois eram muitos e já estavam encima. Os soldados foram mortos e a ambulância roubada. Volto pra minha cama, em seguida levanto novamente, alguém bateu na minha porta. E isso me assustou pra caralho!

CONTÍNUA....



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