"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Fábula - Sapo Dourado e o Peixe Triste



O vento batia na superfície daquele pequeno lago criando lentas ondas, com um toque suave desapareciam na margem, aquelas grandes árvores com seus galhos maiores ainda bloqueavam a maioria dos raios de sol deixando tudo em volta úmido e com a temperatura baixa, o que fazia a felicidade de Didu, era o melhor lugar pra se morar na sua opinião, existiam poucos indivíduos da sua espécie no momento, apenas a sua família de sapos dourados rodeavam o lago, contavam com cinco membros, sua mãe e mais três irmãos ainda girinos, seu pai havia morrido recentemente.

A água estava fria então Didu ficou apenas na margem na espera de alguma mosca para alimentar a sua barriga faminta, esperava que alguma aparecesse logo, seu pai sempre contava histórias que os sapos dourados eram especiais, que tinham poderes mágicos e eram capazes de coisas incríveis, apesar de respeitar bastante a palavra de seu pai, esses contos para ele, sempre foram vistos como fantasiosos, nunca acreditou naquelas coisas, pois nunca viu nada de incrível neles.

Uma pequena mosca estava se debatendo em uma folha que boiava pelo lago, apesar da água ainda não ter esquentado nem um pouco, a fome era mais forte do que o medo de água gelada, foi nadando até a folha com seu alimento, quando estava prestes a alcançar o seu objetivo alguma coisa bateu no seu pé e perdeu a folha de vista, irritado voltou pra margem com a barriga roncando.

Assim que chegou notou que algo o havia seguido, seu coração disparou achando que era um predador tentando fazer dele o seu lanchinho da manhã, mas não foi o que viu, era um pequeno peixe centímetros maior que ele, era lindo azul e preto, se destacava entre as algas e o musgo esverdeados.



- Quem é você? – ele falou.

- Um peixe!

- Atah, disso eu já sei. – Didu retrucou brabo.

- Então, porque a pergunta?

- Aff! Qual seu nome?

- Era Azulano, mas agora eu não sei mais.

- Não entendi, porque não sabe mais?

- Eu era um peixe Betta macho, mas por causa da morte da minha mulher me transformei em fêmea, fui expulso do meu cardume e agora vago sozinho nesse lago esperando a minha morte que logo virá. -Didu notou que Azulano estava com um grave machucado embaixo da barbatana.

- Por isso essa tristeza quando você fala, meu pai sempre dizia que cada sentimento triste superado vale dez coisas boas no futuro, bastava ter forças para aguentá-las.

- Seu pai deve ser um sapo sábio!

- Era um sapo sábio, ele morreu há algumas semanas.

- Meus sentimentos, pequeno pedaço do sol.

- Pedaço do sol?


- Meu cardume encontrou uma vez alguns sapos da sua espécie.

- Jura? Que legal.

- Eles se denominavam Pedaços do Sol!

- Sabe onde encontrá-los?

- Acho que me lembro sim.

- Que bom, minha família não é a ultima então, meus irmãos vão poder ter uma família e minha mãe não vai precisar ficar sozinha.

- Vamos nadar pela margem.

Não conseguiu convencer a sua mãe a deixar o lago e ir atrás dos seus iguais, mesmo contrariado ficou um pouco feliz de ficar com seu novo amigo. A afinidade entre os dois foi incrível, o sapo estava muito feliz com sua nova amizade, passavam o dia juntos pelo lago inventando aventuras e pensando no futuro, debatiam os problemas do lago, a quantidade de predadores que os assustavam, aos poucos um sentimento mais forte foi se apoderando de ambos e se viram em uma história de amor.

- A sua ferida se curou muito bem.

- Sim, graças a você.

Uma grande chuva fez diversos galhos caírem dentro e em volta do lago, quando cessou o barrou alto tomou conta da margem do lago, mas não foi apenas isso que aconteceu de diferente, uma grande mancha azul começou a circular pelo lago, Didu pulou encima de uma folha e começou a navegar preocupado com seu amor, os obstáculos eram muitos, mas com muito esforço conseguiu ver o que estava acontecendo, era um cardume de Betta, e estavam atrás do amor de sua vida.

Ele foi o mais rápido possível, mas não conseguiu alcançar a tempo, o cardume foi embora deixando Azulano a beira da morte, Didu pulou na água e o puxou com muito esforço para a superfície, uma luz douradora cobriu o corpo do peixe, de alguma forma Didu estava passando sua energia vital para ele.

- Leve minha família, por favor, eu te amo! – o peixe que era azul ficou dourado e o sapo apaixonado foi pro fundo do lago sem vida. O peixe dourado cumpriu a promessa de seu amor e levou toda a sua família ao encontro dos seus iguais. 



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