"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O Táxi






A festa estava muito boa, Eduardo já estava na sua quinta taça de vinho, e começando a se sentir um pouco tonto e mais alegre que o normal, o único problema era que agora ele tinha que deixar o carro no estacionamento e ir pra casa de táxi. Ser pego na lei seca com a carteira provisória seria algo muito ruim pra ele, que se esforçou um monte pra tirar, e mesmo um pouco bêbado ele não esquecia isso.

Eduardo dançou, fez passinho, e sucesso com as garotas, só não conseguiu chamar a atenção de uma mulher especifica, Renata, a mais gostosa da sua turma; olhos verdes, longos cabelos pretos como a noite, boca carnuda com um forte batom vermelho, seios fartos e empinados, bunda redondinha; era o sonho de consumo de dez entre dez alunos da faculdade, e é claro também dele. Ela nunca foi vista com nenhum namorado ou ficante, quase nunca saia para as festas, essa era uma exceção, havia boatos que ela podia ser lésbica ou estar se prostituindo como acompanhante de luxo, mas Eduardo não se importava com essas fofocas queria apenas ter uma chance de ficar com aquela coisinha linda na sua cama.

Já era madrugada e a festa ainda estava bombando, foi quando ele notou alguns olhares em sua direção, e sim eram de Renata, ele não pode acreditar devia ser efeito do álcool, ou das luzes piscando, ele continuou dançando, mas não estava enganado, ela estava mesmo trocando olhares com ele, até que ela o abordou.

- Eai gatinho, se fazendo de difícil? – Ela perguntou se aproximando.

- Quem? Eu? Não, não. – Respondeu nervoso.

Depois de alguns minutos dançando juntos, Eduardo a convidou pra ir no bar pra conversarem mais de perto. A conversa estava tão boa que quando ele percebeu estavam se beijando, a sua boca tinha sabor de mel, e era tão macia como algodão, ele pensou enquanto a beijava. A música tinha parado de tocar, as luzes pararam de piscar, sua embriaguez tinha sumido, tudo com um simples beijo, ele nunca tinha experimentado um tão maravilhoso como esse.



- Vamos pra sua casa, aqui já deu o que tinha que dar. – Ela falou repentinamente.

- Claro, vamos. – Ele disse de bate pronto. – Mas só tem um problema, eu não estou em condições de dirigir.

- Sem dirigir, vamos de táxi.

Foi um alivio quando ela disse isso, estava preocupado que ela o dispensasse se ele falasse que não tinha condições de dirigir. Eles então parte, Renata estava magnifica, usando um vestido vermelho bem curto e justo no seu corpo escultural, caminhando atrás ele pode ver seu quadril enorme que balançava durinho de um lado para o outro.

- Não se preocupe, eu tenho um amigo que sempre me leva de graça no seu táxi.

- Tá bom. – Eduardo respondeu, mas nem estava prestando atenção no que ela estava falando, apenas aproveitava a vista que tinha.


Depois de alguns minutos o táxi chegou, ele e Renata sentaram no banco de trás, nem chegou a ver o rosto do motorista, estava mais preocupado em beija-la. O táxi começou a andar, e ele sentiu um calafrio que chegou até na sua espinha, era como se de repente o ar tivesse congelado, a atmosfera tinha mudado repentinamente, cada pedaço do seu corpo estava gelado, perguntou pro taxista se ele tinha ligado o ar condicionado, mas não houve resposta.

- Calma que nossa viagem está apenas começando. – Renata falou sorridente.

Alguma coisa tinha mudado, ele podia sentir, Renata também estava diferente, aquele sorriso que antes irradiava havia desaparecido, todo brilho da sua pele ficou pálida. Ela vira de costas pra ele e fica fitando a janela, eles não estavam no caminho pra sua casa, estavam em um lugar que Eduardo não conhecia, em nenhum ponto conhecido da cidade, e depois de passar por cima de um quebra molas ele se viu imerso na escuridão total, tudo durante um longo período de tempo ficou preto, parecia que o táxi e o seu corpo haviam desaparecido, ele não enxergava, não tinha tato, não conseguia gritar, apenas ficar flutuando na imensa escuridão.

Com um baque violento ele havia voltado para o táxi, estava suado e tremia da cabeça aos pés, puxou Renata pelo braço perguntando se ela estava bem, e tomou um susto quando ela se virou, seu rosto estava quase branco, e seus olhos estranhos.


- Olhe pra fora meu fruto, apenas olhe. – Ela disse com uma voz rouca.


Eduardo olhou pela janela do táxi e ficou chocado, o espanto foi tanto que ele não conseguiu se quer se mexer. Ele não sabia dizer onde estava, mas era assustador, o céu era vermelho, , as nuvens mais pareciam chamas incandescentes nas alturas. O táxi passou bem perto de um caldeirão onde eram cozinhados dezenas de pessoas, e em volta algumas criaturas metade gente, metade animal; alguns eram metade cavalo, outros metade cabra. Enquanto ele estava apavorado, Renata ria descontroladamente ao seu lado.

O táxi continuou andando e o taxista calado passando por diversas paisagens exóticas que pareciam um deserto  em chamas, até que chegaram em um altar gigantesco, com diversos símbolos religiosos de centenas de religiões diferentes, e no alto uma cabeça do tamanho de um avião com chifres em volta ao fogo, e aquele rosto era familiar, era o seu rosto.

Tudo ficou preto novamente, a mesma experiência de ficar flutuando na escuridão, quando acabou ele estava de volta na cidade e ainda no táxi, Renata abre a porta do seu lado e o empurra pra fora, Eduardo cai no chão, antes do táxi partir ela fala:




- Ainda não terminamos contigo.


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