Vocês
acreditam em destino? Pois até um tempo atrás também não acreditava nesse tipo
de coisa, passei a minha vida inteira renegando que existia algo maior, estava
enfrentando uma situação muito difícil, a falta de grana estava quase me
fazendo voltar a morar com minha mãe, isso seria um passo atrás na minha vida,
não sabia mais o que fazer pra arrumar mais dinheiro, vendi meu Xbox, minha
filmadora, mas ainda assim o aluguel e meu curso estavam caros demais pra me
manter, meus maravilhosos problemas estavam acabando com minha tranquilidade e
não tinha ninguém pra pedir ajuda ou que tivesse condições de me ajudar.
Demorei
demais pra entregar um trabalho com isso perdi o ônibus, quando isso acontecia
tinha que esperar quase meia hora pro próximo passar, foi o que tive que fazer,
a fome apertando o meu estomago e o sono batendo, já era quase meia noite
quando finalmente peguei o ônibus, estava vazio provavelmente era o último,
mesmo com meu casaco estava com frio, coloquei meus fones de ouvido e sentei no
fundo do ônibus como de costume, depois de uns trinta minutos de viagem
escutando um podcast sobre cinema cheguei em casa.
Antes
de subir as escadas para o meu pequeno apartamento escuto alguns barulhos
estranhos no beco ao lado, atrás de um contêiner de lixo vejo dois pés
tremendo, deveria ser apenas um bêbado no chão, mas minha curiosidade foi mais
forte que meu medo, devagar fui ver o que estava acontecendo. Encima daquele
homem no chão tinha uma mulher, longos cabelos loiros sujos e roupa toda
rasgada, ela parou de se mexer quando notou a minha presença, estava acocada
sobre ele com a cabeça no seu pescoço, quando virou para mim sua boca estava
vermelha de sangue.
Corri
para minha casa louco de medo, subi as escadas cinco degraus de cada vez, abri
e tranquei a porta rapidamente, a porta do corredor era de vidro, olhei durante
alguns segundos pra ver se tinha sido seguido, mas pro meu alivio não tinha
sido. Abri minha porta, liguei a luz e fui direto pra cozinha comer alguma
coisa, mas ainda com os pensamentos naquela cena que tinha presenciado,
imaginando que no dia seguinte um monte de policiais estariam ali tentando
descobrir o que tinha acontecido, e se falasse o que vi possivelmente seria
taxado de louco ou até mesmo suspeito.
Escuto
um barulho no meu quarto, caminho devagar até lá com o coração batendo forte,
mal conseguia respirar, ascendo a luz e ela estava em pé encima da minha cama,
com o susto caio pra trás sobre o meu ventilador.
No
chão a olhei, mesmo aterrorizado, mais atentamente, seu rosto sujo de barro e
sangue, roupas rasgadas ainda mais sujas, até seu cabelo longo loiro parecia de
outra cor, desceu da cama e se aproximou de mim, fiquei em pânico, não sabia o
que fazer, aqueles olhos azuis fixos em mim pareciam que estavam me atraindo,
me cheirou, por algum motivo estupido
fiquei imóvel na tentativa de parecer morto, como se ela fosse algum animal
irracional.
-
Calma não vou lhe machucar. – a sua voz ela suave. – Preciso de um lugar pra
ficar, só por hoje à noite. – ainda assustado acenei com a cabeça que sim. –
Obrigado! Posso tomar um banho? – acenei novamente com a cabeça que sim.
Ela
tirou a roupa na minha frente, as deixou no chão e foi até o banheiro, levantei
alguns minutos depois que me recuperei, foi difícil de acreditar naquela coisa
surreal que tinha acontecido.
Parei
na porta do quarto pensando no que poderia fazer enquanto ela cantarolava
debaixo do chuveiro.
Peguei
uma faca pra me defender, ainda não entendo como apenas não fugi dali, mas
minha curiosidade estava me segurando. O chuveiro finalmente foi desligado, ela
saiu com a toalha enrolada no corpo, fumaça saindo dela como um vulcão em
erupção.
-
O que é você?
-
Apenas uma menina tentando sobreviver nesse mundo escuro.
Ela
se aproximou de mim ainda molhada e deixou a toalha cair, seus olhos ficaram
vermelhos, abriu a boca como um predador pronta pra comer a sua presa, eu
tremia da cabeça aos pés, quatro de seus dentes caninos aumentaram de tamanho
ficando pontudos e salientes, deixei a faca cair numa visível demonstração de
fraqueza. Para o meu espanto ela parou e ficou me olhando com uma certa
curiosidade, não sabia o que fazer estava hipnotizado a mercê de sua vontade.
-
O que foi, meu anjo? Eu falei que não iria te machucar!
-
É...É..
-
Sim, eu sou uma vampira, muito prazer!
-
Prazer! – falei ainda assustado.
-
Posso vestir uma roupa sua, as minhas já não estão mais usáveis.
-
Ali.
Ele
caminhou de volta ao meu quarto, abriu o armário e colocou uma calça de moletom
e uma camiseta branca, o meu banheiro estava com sangue por todos os lados,
peguei o balde e o detergente, fui limpa tudo aquilo.
-
Não bebê, deixa que eu limpo.
-
Não se preocupe eu faço.
-
Não mesmo! – ela pegou o balde de mim, me afastei de novo assustado, pois seus
dentes ainda estavam salientes. – Desculpe esqueci os meus dentes.
-
Isso é sério mesmo, tu é mesmo uma vampira?
-
Sei que é difícil de acreditar, mas é verdade, fui mordida há alguns anos e dês
de então venho vagando pelas ruas evitando o sol.
-
Quem te mordeu?
-
Não sei quem é, só sei que foi uma mulher.
Agora
ali conversando com ela agachada limpando meu banheiro pude notar toda a sua
beleza, mesmo ainda confuso se o que falava era mesmo verdade, era difícil
acreditar que vampiros realmente existiam, mas no momento acreditar era tudo o
que eu poderia fazer.
-
Tem algo pra comer? – ela me perguntou logo que terminou de limpar tudo.
-
Me diz uma coisa, vampiros não precisam de autorização do dono pra entrar?
-
Precisam se o dono estiver em casa, mas entrei aqui antes de você passar pela
porta.
-
O que vai querer? Não tenho nenhum... – não terminei a minha frase, me
virei ela estava sugando o sangue do meu hamister.
-
Desculpe!