Continuo aqui o meu relato. Não sei
ao certo em que momento isso, que vou explicar, aconteceu. Mas a imagem fica
batendo na minha cabeça até hoje, revivo ela seguidamente. Tenho certeza que
mentes mais fracas, ou mesmo aquelas que creem no céu e inferno,
enlouqueceriam. Mas eu tive que me manter firme, mesmo que parte de mim deseje
o suicídio, tenho certeza que não iria para lugar pior, do que as coisas que
tive que presenciar naquela noite. Antes de tudo tenho que voltar aos dias que
antecederam tudo.
Ele tinha acabado de fazer seis
meses. Não vou nunca mencionar o nome dele, pra mim, agora, esse nome é
maldito. Era um domingo agradável, estava com minha esposa e outros parentes,
no tradicional almoço de família. Tudo estava às mil maravilhas, mas eu deveria
saber que a partir do nascimento dele, eu nunca mais podia relaxar.
Meu sobrinho veio me trazendo a
ligação. No começo eu não entendi, a chamada estava muito ruim, e quem estava
falando do outro lado gritava em desespero. Meu coração disparou, era se como
eu soubesse que uma coisa terrível tinha acontecido, me senti mal, minha mente
ficou turva, e tudo ficou escuro.
Quando retomei a consciência, minha
esposa, junto com os demais, tinham me colocado no sofá. Não queriam me deixar
sair depois do ocorrido, mas insisti, pois sabia que de algum jeito era a minha
responsabilidade também, pois fui eu que pariu esse ser para o mundo, fui eu
que o trouxe pra vida.
Subi até meu quarto pra tomar um
rápido banho e me trocar. Não podia ir do jeito que estava. Fiquei parado na
frente do espelho por alguns segundos, tentando criar força e coragem para
enfrentar o que poderia estar por vir.
O dia virou noite de uma ora pra
outra, o espelho parecia que tinha ficado líquido. O meu banheiro tinha virado
a boca de um vulcão. Alguma coisa estava tentando sair do outro lado do
espelho. Uma mão vermelha saiu de dentro dele. O vermelho era que estava em
carne viva. Me segurou pelo pescoço, sua mão era tão quente, que acabou me
queimando. Senti uma dor que nunca antes tinha sentido na minha vida.
Assim como começou, essa visão, ou
sei lá o que foi isso, desapareceu. Achei que finalmente estava ficando louco,
mas quando olho pro espelho, o nome da criança estava escrito nele.
Continua...