"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Ônibus Fantasma




Jonas estava terminando de ver a sua série favorita, ele sabia que já era tarde, mas estava no final e queria terminar. Sentado na sala tinha a visão da televisão e também da janela que estava aberta por causa do calor, ela tinha uma visão direta pra rua, mas precisamente a avenida principal.


O apartamento era pequeno, dava pra escutar o ronco de sua mãe no quarto ao lado, ele estava sonolento, faltava um minuto pras três da madrugada, decidiu se deitar, quando foi fechar a janela viu um ônibus com as luzes apagadas passar pela rua em alta velocidade, achou estranho ele passar a essa hora, mas mesmo assim fechou a janela e foi se deitar.



No dia seguinte Jonas tinha que fazer um trabalho da faculdade, se perdeu no horário, quando viu já era de madrugada, e novamente o ônibus com as luzes apagadas passou, dessa vez teve a impressão que além das luzes estarem apagadas, o ônibus não tinha motorista.

Na noite seguinte Jonas ficou de vigia na janela esperando o ônibus passar novamente, mas pra sua decepção nenhum sinal do ônibus. Ele acorda de manhã com um sussurro no seu ouvido que dizia 33, Jonas tinha dormido na janela, olha pra todos os lados e não vê ninguém por perto.


Aquele ônibus virou uma obsessão na vida de Jonas, sua cabeça não parava de pensar nisso, depois de uma semana sem ver mais sinal do ônibus, ele começa a investigar. Pesquisou por diversos sites, e achou uma matéria sobre um grave acidente envolvendo um ônibus cinco anos atrás, onde trinta e uma pessoas morreram de forma violenta, depois que o ônibus caiu de um viaduto e pegou fogo com todos dentro. A matéria não dizia qual era a linha do ônibus, então ele teve que investigar mais a fundo.

Jonas foi a diversas empresas de ônibus, mas ninguém parecia saber ou não queriam dizer o que realmente tinha acontecido. Ele já estava cansado, suas pesquisas não chegavam a lugar nenhum, naquela mesma noite ele resolve esquecer tudo, aquele ônibus podia ser apenas um fruto da imaginação de uma mente cansada e com sono.

Passando de meia noite voltou a ver sua série favorita, mas logo adormeceu e foi acordado por uma voz que sempre repetia um nome, César Romero, quando percebeu que não era um sonho, se levantou assustado, antes que pudesse correr pra janela, o ônibus já havia passado, só pode escutar o seu barulho, olha no relógio e eram três da madrugada.

Jonas pesquisou no dia seguinte sobre esse César Romero, achou pouca coisa na internet, só encontrou uma foto dele, e ele já tinha visto esse rosto antes, em uma fotografia ao lado de sua mãe. Ele a esperou chegar em casa pra questiona-la, e teve um choque com a revelação, chorando muito sua mãe falou que esse era o seu pai, que os havia abandonado antes de Jonas nascer, e que morreu em um acidente de ônibus.


Jonas ficou transtornado com a noticia, agora que sabia que era o seu pai que tinha morrido no acidente, talvez ele quisesse mandar uma mensagem do além. Ele foi atrás da sua família que não conhecia e descobriu várias coisas sobre seu pai, e ele era mesmo o motorista do fatídico acidente, também ficou sabendo que a culpa da tragédia foi de seu pai, que tinha diversos problemas com álcool e drogas, uma crise de abstinência o fez desmaiar no volante e matar todos os trinta passageiros e ele mesmo.

Se foram 31 mortes, Jonas estava em dúvidas porque tinha escutado o numero trinta e três no seu ouvido, estava convencido que seu pai estava querendo se comunicar com ele, isso se tornou uma fixação na sua vida, durante um mês ele largou a faculdade, amigos, só queria saber de procurar um meio de se comunicar com seu pai, que de alguma forma estava conectado com aquele ônibus fantasma.

Durante o mês todo o ônibus desapareceu, nunca mais Jonas o viu, isso deixou ele noites sem dormir, sua vida tinha se tornado um inferno, mal comia, não falava com ninguém, estava mais parecendo um zumbi, sua obsessão tinha tomado conta.


Aquela noite estava diferente o ar estava carregado, seus sentidos diziam que alguma coisa iria acontecer nessa noite, e Jonas não ia fica apenas na janela olhando, ele desceu e esperou o ônibus no meio da rua, exatamente as três da madrugada, o ônibus apareceu na esquina.

Ele vinha em alta velocidade, o motorista distraído não viu Jonas no meio da rua escura, não era o seu ônibus fantasma, apenas um ônibus comum voltando mais tarde pra garagem, Jonas morreu na hora, quando abriu os olhos novamente estava dentro do seu ônibus fantasma, passando em frente a sua casa, uma criança segura a sua mão e diz:

- Que bom que se juntou a nós irmão, o papai está dirigindo, agora falta só sua mãe.

Ônibus passa novamente na frente de sua casa, Jonas vê sua mãe na janela e a chama.


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