O padre colocou a mão naquela que já foi uma doce criança,
mas que agora estava sendo possuída por alguma entidade sobrenatural, os seus
pais estavam mortos no chão vítimas do ataque feroz da garotinha de apenas oito
anos. As lâmpadas piscavam freneticamente, o vento cortava seu rosto como
golpes de uma espada afiada, a garota se contorcia como se a cama a estivesse
queimando no fogo mais quente do inferno, sua aparência era pálida, seus olhos
estavam vermelhos.
O padre estava desesperado, citava várias passagens da bíblia
em vão, nada mudava o comportamento da garotinha, ele tentava disfarçar, mas estava
tremendo da cabeça aos pés, o medo já havia tomado conta do seu corpo e a
criatura das trevas que olhava através dos olhos da garotinha já havia
percebido isso.
- Está com medo “boneca”? – Ela falou com uma voz que parecia
metalizada.
- Entidade das trevas, vá embora em nome do Senhor.
- Será muito bom me divertir contigo. – Agora a sua voz tinha
mudado, estava super aguda.
- Quem é você demônio? – O padre levantou o crucifixo.
- Eu não sou um, eu sou vários, caminhamos na mesma escuridão,
somos almas amaldiçoadas, trazemos as trevas na luz, formamos o exercito do
mal, pode nós chamar de Legião. – E uma risada de centenas de demônios ecoou
pelo quarto.
Horas atrás...
Débora estava brincando no parquinho quando escutou a sua mãe
chamando, saiu correndo pra encontra-la, mas antes esbarrou em um homem e caiu,
ele a encarou por alguns segundos, seus olhos eram estranhos pareciam de gato.
Débora se virou pra levantar e o homem desapareceu, levantou com uma forte dor
de cabeça e um pouco tonta.
- O que houve minha filha? – Sua mãe perguntou.
- Minha cabeça está doendo.
- Vamos pra casa.
No caminho de casa, Débora ficava cada vez pior, sua mãe
estava ficando preocupada com o estado que sua filha estava ficando. A febre
estava alta e ela vomitou diversas vezes dentro do carro, ao chegar em casa se
depara com um padre na sua porta.
- Sim, o que deseja? – A mãe perguntou apressada.
- Eu sei o que pode estar acontecendo com sua filha, posso
ajudar?
- Desculpe padre, mas você é médico por acaso? Não sei o que
o senhor está pensando? Mas não tenho tempo no momento. – Ela disse
rispidamente.
A mãe entrou com sua filha dentro de sua casa, e deixou o
padre no lado de fora, as horas foram passando até que anoiteceu, e Débora só
piorava, o médico entrou e saiu diversas vezes sem conseguir diagnosticar ela,
sua mãe já ia leva-la ao hospital quando Débora começou a ter um comportamento
estranho, começou a se contorcer na cama e falar coisas em outras línguas. Seu
pai chegou logo depois, super preocupado com sua filha.
- O que está acontecendo? Cadê a Débora? E porque tem um
padre na nossa porta?
- Eu não sei, estou desesperada.
Depois de ver o estado da sua filha, o pai concordou com a
ajuda do padre. Ele explicou o que poderia estar acontecendo com a filha deles,
que poderia estar sendo possuída por algum espirito demoníaco, no começo
ficaram céticos, mas depois de vê-la surtando na cama, falando com diversas
vozes diferentes e com uma expressão no rosto que não era dela, concordaram com
o exorcismo.
O tempo havia se fechado, trovões podiam ser escutados
fortemente. Débora agora xingava os seus pais e o padre dos piores palavrões
possíveis, se insinuava sexualmente, fazia todos os clichês de uma possessão,
mas era algo muito maior e diferente, tudo que fazia parecia apenas por
diversão, e não era afetada por nenhuma reza ou pela água benta, o padre que
esperava apenas um exorcismo sem grandes dificuldades, se viu no meio de uma
das possessões mais fortes nunca vista ou documentada antes, e ele seriamente
temia pela vida de todos ali, e a garotinha já estava condenada.
Em segundos de terror, Débora explode em uma raiva
descontrolada e ataca os seus pais. Primeiro pula na sua mãe e morde o seu
pescoço arrancando um pedaço de carne, a mulher cai no chão agonizando de dor,
o pai tenta tira-la de cima, mas é atacado também, ela enfia as mãos nos olhos
de seu pai e os afunda contra o seu crânio, sua força era fora do comum,
parecia que tinha a força de mil homens ou mil demônios, com unhas que tinham
crescido ela corta o pescoço dele, até arrancar a sua cabeça.
- A Legião precisa de um padre. – Um tempo depois das mortes.
- Como assim? – O padre não conseguia parar de tremer.
- Algo grande vai acontecer em breve, as tropas da escuridão
já estão se mexendo, nosso pai vai abalar as estruturas.
- Lúcifer?
- Ele não gosta desse nome, venha padre me foda e você terá a
vida eterna, antes que esse mundo seja tomado.
O padre não resistiu, se rendeu a tentação, mais pelo medo do
que qualquer outra coisa. Ele se deita na cama e transa com ela, nunca tinha
sentido um prazer tão bom quanto aquele. Abre os olhos depois do prazer e
estava em outro lugar, deitado em uma lama verde fedorenta, estava acorrentado
e milhares pequenos insetos comendo a sua carne numa dor indescritível.
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