A
escuridão! Está tudo escuro, eu odeio a escuridão, porque está tudo escuro?
Pai? Mãe? Onde vocês estão? Estou com medo, não acho a tomada para ligar a luz.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Gritei o mais alto que eu consegui, mas parece que não
tem ninguém pra me escutar, tem alguma coisa diferente com meu corpo ele parece
estar mais leve, sinto que posso flutuar. Queria saber onde estou, pois não é
na minha casa nem o meu quarto.
Eu
preciso pensar, qual o meu nome? Quem eu sou? Não consigo me lembrar, isso não
pode ser bom, pensa! Preciso me lembrar, não consigo me concentrar. Meu deus do
céu onde eu estou? Quero chorar, mas as lágrimas não caem. E o chão? Não tem
chão, só agora percebo isso, estou flutuando na escuridão como uma nuvem no
céu, queria realmente saber o que está acontecendo, talvez ainda esteja
dormindo, e isso seja um pesadelo que estou tentando desesperadamente acordar.
No
meio de toda aquela escuridão bem distante enxergo um pequeno ponto branco,
preciso encontrar alguma forma de chegar até lá, mexo os braços de um lado para
o outro e fico rodopiando, paro, começo a dar braçadas tipo um nadador, sinto
que finalmente estou me movimentando, ainda assim aquele ponto de luz está
muito distante.
Há
medida que vou me aproximando sinto um cheiro muito ruim, cheiro de alguma
coisa podre, nunca antes tinha sentido algo tão horrível, junto com o cheiro um
calor sufocante. Paro de dar as braçadas porque quanto mais me aproximava mais
o cheiro e o calor aumentavam, mesmo assim eu continuava a me aproximar, uma
força invisível estava me puxando, entrei em desespero sentia que ali era um
lugar muito ruim, me esforcei o máximo que pude e consegui me livrar da força
que estava me arrastando.
Não
sei como ou quanto tempo havia se passado, mas eu agora estava em um lugar
diferente, a escuridão total havia sumido, estava em um quarto há noite,
deitada na cama, mas eu não a sentia, estava em cima dela e ao mesmo tempo não
estava, olhei para o meu corpo e parecia transparente, a luz da lua que passava
pela janela aberta atravessava meu corpo como se eu nem estivesse presente.
Um
homem estava em pé ao lado da cama, estava com uma capa e um capuz preto que
tapava todo o seu rosto, ficou imóvel sem se mexer, o pavor tomou conta de mim,
não sabia o que fazer, então continuei deitada na cama sem me mexer. Depois de
algum tempo ele caminha até a parede de costas pra mim e ficou a fixando como
se esperasse alguma coisa sair dali, as paredes que eram brancas aos poucos
foram mudando de cor e uma gosma vermelha começou a escorrer do teto, enquanto
isso ocorria comecei a sentir o lençol da cama e meu corpo foi começando a
ficar sólido novamente, mas em uma fração de segundo a porta se abriu e tudo
desapareceu, voltei a ficar transparente.
Um
homem entrou pela porta estava todo sujo de sangue, sai da cama rapidamente,
ele passou por mim sem me ver, foi direto ao banheiro, caminhei devagar até
ele. Era muito estranho caminhar agora, não sentia o chão que eu pisava e se
não me concentrasse flutuava sem direção. Da cintura ele tirou uma arma e a atirou
contra mim, passou por mim como se eu não existisse e caiu sobre a cama.
Ele
ficou encarando o espelho com o rosto coberto de sangue durante um bom tempo,
seus olhos me davam medo, com certeza ele era alguém muito perigoso, quando tirou
a roupa pra tomar banho sai dali, fui até a janela, a lua estava muito bonita, olhei
pra trás e flutuei quando vi algo que ainda não tinha percebido. Uma pequena
criatura totalmente preta estava em um canto encolhida, parecia uma pessoa toda
deformada, tinha a mesma transparência que eu, começou a se arrastar até o
banheiro onde o homem tomava o seu banho, ele sussurrava “Monstro! Monstro!
Monstro” sem parar, pela fresta da porta vi que ele entrou no box e ficou
embaixo d’água junto com o homem mesmo que não pudesse se molhar.
A
criatura passou pelo box como se não estivesse ali do mesmo jeito que a arma
passou por mim, nesse momento tive uma ideia, tentei fazer o mesmo com a porta de
saída, mas foi em vão, alguma força bloqueava o meu caminho, a mesma coisa
acontecia com a janela, por algum motivo estava pressa naquele quarto com a
criatura e aquele homem.
Ele
finalmente saiu do chuveiro gostaria que ele pelo menos usasse a toalha pra se
cobrir quando foi até o quarto novamente e não aparecesse pelado, a criatura
veio se arrastando atrás dele. Ele junta a sua calça imunda no chão e do seu
bolso traseiro tira maço de cabelo ruivo, sacode a calça e três fotos caem no
chão, me aproximei para ver, as três fotos eram da mesma mulher, estava nua e
bastante machucada e era ruiva, não precisava ser nenhum especialista para
saber o que estava acontecendo ali, ele tinha feito alguma coisa muito grave
com ela.
Era
um estuprador ou um assassino, não me importava qual pratica abominável ele
tinha feito só queria sair daquele quarto o mais rápido possível, só não sei
como ainda. Ele retirou um notebook de dentro de um armário, começou a ver um
monte de fotos de mulheres nuas e machucadas, as imagens eram horríveis, como
alguém poderia gostar de ver algo assim tão horrendo? Ele com certeza era um
maníaco sexual da pior espécie.
A
raiva começou a tomar conta de mim, senti alguma coisa estranha, me virei e
derrubei uma garrafa que estava em cima da mesinha, o homem deu um pulo de
susto da cama e quase derrubou o notebook. Fiquei imóvel tentando entender o
que tinha acontecido, ele caminhou até a garrafa passando por dentro de mim,
senti todo o mal que ele tinha dentro de si.
Estava
deitada no chão frio coberto de areia, embaixo de mim uma mulher nua muito
machucada, sabia que eu tinha feito aqueles machucados, implorava pra que
parasse, mas eu a dominava feito um leão com os dentes cravados no pescoço de
uma zebra, não dava chances de reação, queria estar dentro dela a qualquer
custo, a fiz sentir cada momento de dor, olhava dentro dos seus olhos
encharcados de lágrimas e queria depois de possui-la ver o fim do seu brilho,
com as minhas mãos a sufoco até sua respiração parar totalmente.
Quando
ele saiu de dentro de mim os seus pensamentos também saíram da minha cabeça,
foi um alivio, me ajoelhei tremendo querendo desaparecer, nunca antes tinha
presenciado algo tão medonho, ainda mais pela visão do monstro, me senti fazendo
parte de tudo isso e senti nojo de mim.
Me
concentrei o máximo que pude, meu corpo foi ficando sólido novamente, foquei na
minha raiva sem me descuidar, por um momento ele me enxergou, entrou
desesperado e foi pra dentro do banheiro pude sentir o seu pavor, a raiva foi
tomando conta de mim, caminhei até o banheiro queria feri-lo a qualquer custo,
mas a criatura que o acompanhava não me deixou, me segurou pelos pés, o seu
toque começou a me queimar, sua mão parecia uma brasa recém aquecida, a dor foi
mais forte do que pude suportar e minha mente se apagou. Quando acordei estava
em outro lugar, estava em um parque de diversões.
Não Entendi o final
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