O trabalho
tinha sido duro durante toda a semana e na sexta ela resolveu dispensar todos
mais cedo, a sua fábrica ficava em um galpão afastado do movimento da cidade,
um pouco isolado, mas com liberdade total pra fazer barulho e acomodar as suas
coisas. Letícia apesar de ter dispensado todos os funcionários ficou mais um
pouco queria terminar uma bengala pra um velho amigo de seu pai, Dr. Roberto
Araújo, um famoso médico que foi preso diversas vezes sob a acusação de
molestar seus pacientes.
Uma leve
chuva tinha caído durante a tarde, a grama agora exalava um cheiro de natureza
que ela tanto gostava, era exatamente nove horas da noite quando ela escutou os
latidos de um cachorro no lado de fora, não se importou mais os latidos não cessaram
então se levantou e foi até a janela do galpão, um cachorro latia olhando pra
sua porta, fez uns movimentos com a mão fingindo que estava atirando uma pedra
e o cachorro saiu correndo.
Ao se
levantar assustada percebe que sua boca estava sangrando, outra maquina nos
fundos começa a funcionar sozinha, Letícia fecha a porta assustada, passa a
chave e limpa sua boca com as mangas da blusa, corre até os fundos e vê a porta
dos fundos aberta, seu coração estava acelerado, o galpão era repleto de prateleiras
com diversos produtos artesanais, se esconder atrás de uma delas era bem fácil,
Letícia fica apavorada caminha até sua bolsa olhando pra todos os lados, mas
pra seu desespero sua bolsa havia sumido.
Não sabia o
que fazer, seu celular estava dentro da bolsa, pega a bengala pra se defender,
várias maquinas são ligadas ao mesmo tempo, no relógio da empresa marcava dez
horas em ponto. Ela começa ver vultos entre as prateleiras como se tivessem
várias pessoas ali dentro, vários objetos começaram a ser derrubados, Letícia
começa a gritar apavorada e a mover a bengala de um lado para o outro tentando
acertar alguém. As luzes se apagam, nem a luz da lua iluminava o galpão,
Letícia tateava na escuridão um caminho seguro pra longe enquanto sentia que
estavam a sua espreita, sentia também a respiração de cada um como se
estivessem esperando pra ataca-la, o cachorro voltou a latir fortemente, estava
com as pernas bambas quase que fraquejando quando escutou um barulho de metal e
um impacto em sua cabeça, Letícia cai desacordada.
O relógio
marcava onze horas quando Letícia acordou no chão, havia vômito perto da sua
cabeça, as luzes estavam acessas novamente, ela levanta com dificuldade, tudo
estava normal como se nada tivesse acontecido, as portas estavam fechadas, as
prateleiras intactas, e as maquinas desligadas, apenas o cachorro continuava a
latir. Letícia caminha ainda cambaleando tropeça em um copo e depois em uma garrafa de whisky
vazia junto com uma cartela de remédios também vazia, Letícia junta a sua bolsa
e vai embora.
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