Os dias estavam cada vez mais quentes
em Porto Alegre, estava no ápice do calor, 30° graus era uma temperatura baixa
pra certos dias o que antigamente era impensável pra uma cidade do sul do país,
o calor estava escaldante, nuvens eram raras e o sol parecia um ditador
impetuoso. Denise era uma garota rebelde que odiava os seus pais, típica
rebelde adolescente, roqueira cheia de piercings e tatuagens, cabelo pintado de
vermelho, ela nem gostava tanto disso, mas deixava seus pais irritados e isso
era o mais importante pra ela no momento. Seus dias se passavam no parque da
Redenção matando as aulas, bebendo e fumando com amigos, tudo parecia no mesmo
marasmo de sempre, até que um dos amigos teve uma ideia de fazer um ritual em uma
encruzilhada.
Denise estava nervosa nunca tinha
feito nada parecido, pegou todas as suas correntes com crucifixos, botou sua
roupa preta e se maquiou como se fosse uma vampira, durante a madrugada saiu
escondida de casa. A rua estava deserta ficou com um pouco de medo, mas logo
avistou o carro do seu amigo na esquina, entrou e eles partiram pra buscar os
outros que iam participar do ritual. Depois de todos se apertarem dentro do
carro, sendo Denise a única mulher partiram pro local, chegaram em um cruzamento
da rua Protásio Alves que era bastante movimentada, mas de madrugada ficava
deserta.
O dono do carro foi até o porta mala
e tirou vários objetos, diversas cruzes, pentagramas, facas, imagens de
demônios e um livro que na capa estava escrito “Lamo Dorvil”, chegou em Denise
e deixou o livro com ela. Todos estavam de preto com correntes pela roupa
fazendo um estilo entre góticos e punks, eram sete no total, sentaram no meio
do cruzamento, a lua cheia estava iluminando eles com uma clareza pouco comum,
estavam em círculo apenas o dono do carro estava em pé no meio e agora fazia um
tipo de oração em latim.
Denise notou um cheiro forte de podre,
um dos caras que estava no seu lado tinha uma sacola com alguma coisa dentro, e
logo ela descobriu, um filhote de cachorro morto, Gilberto que estava de pé
termina sua oração e pega a sacola, caminha até o carro e volta com uma tigela
com sete copos, dá um pra cada um, tira o filhote do sacola e espreme ele
encima de cada copo, deixando um gole de sangue em cada, mando todos beberem,
em seguida corta um pedaço da carne do filhote pra cada um, um dos amigos
vomita, mas depois consegue comer, Denise come aquele pedaço mesmo com nojo sem
problema.
Todos agora estavam de mãos dadas
sentados no chão, Denise se levanta e vai até o meio da roda, instruída por
Gilberto abre o livro na página 195, e começa a ler um verso “Os filhos são como os pais, os pais vão ser
expurgados do ventre dos avós, nada mais restará da descendência, tudo que foi
dito aqui será lembrado até o fim dos tempos, os filhos do filho renegado dos
portões do éden vão trazer a tão sonhada paz pra aqueles que vivem o tormento
da existência, espere pelo sopro”.
Assim que terminou de ler Denise se
sentiu estranha, seu corpo ficou fraco, sentiu uma leve brisa no seu rosto e
logo estava caída no chão sem reação, seus olhos ficam pesados até que apaga.
Denise abre os olhos novamente seu corpo ainda estava fraco, mas com esforço
consegue se levantar só que escorrega e cai novamente em algum tipo de gosma,
quando olha mais atentamente tinha sangue por toda a volta, mas nenhum sinal
dos corpos de seus amigos, de longe caminhando bem devagar vinha uma mulher
vestida toda de branco, seus passos pareciam não tocar o chão com um movimento
com a mão ela fez Denise flutuar. Ela não conseguia mais se mexer apenas ficava
ali flutuando a mercê daquela mulher.
- Seus pais ou você? – a mulher falou
no seu ouvido, o cheio de podre que vinha dela era insuportável.
- O que? Me solta, por favor?
- Quem deve morrer você ou seus pais?
– falou colocando a língua na orelha de Denise. – Decida agora!
- Eu odeio eles, mas não quero que
eles morram.
Foi só o que precisava, a mulher de
branco com as unhas afiadas arranca a pele de Denise, ela grita de dor, só pode
gritar e ver a sua pele sendo separada do seu corpo como um boi no açougue.
Denise por alguma razão continuava viva mesmo sentido uma dor insuportável pra
qualquer ser humano, estava ali em carne viva esperando a morte que não vinha
até a mulher de branco falar novamente no seu ouvido.
- Ainda não acabou sua alma agora é
minha, vamos pra um lugar bem divertido.
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