"A imagem do bicho-papão possui
variações de acordo com a região. Segundo a tradição popular, o bicho-papão se
esconde no quarto das crianças mal educadas, nos armários, nas gavetas e
debaixo da cama para assustá-las no meio da noite. Outro tipo de bicho-papão
surge nas noites sem luar e coloca as crianças mentirosas em um saco pra fazer
sabão. Quando uma criança faz algo errado, ela deve pedir desculpas, caso
contrário, segundo a lenda, receberá uma visita do bicho-papão."
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Ana estava comendo a sua janta, sua mãe tinha feito sua
comida favorita pra compensar o dia inteiro de brigas que teve com seu marido
na frente dela, fazia semanas que eles estavam brigando, mas hoje tinha sido
bem violento e Ana tinha presenciado tudo, a cara de confusa e assustada de sua
filha fez a briga parar automaticamente, arrependidos prometeram pra ela e pra
eles mesmos que iam começar a se entender novamente, mas não era só isso que
estava deixando Ana assustada, estava escutando barulhos estranhos dentro do
seu guarda-roupa durante a noite.
Ana é surpreendida quando seu pai chega com um celular, tinha
pedido um no seu aniversário de nove anos, mas não tinha ganhado e agora em um
dia qualquer recebe o presente que tanto queria, agora poderia falar sempre com
seu amigo Paulinho, de quem ela tanto gostava. Ana notou que seus pais agora
cochichavam no ouvido um do outro e davam pequenos sorrisos, Ana sentou no sofá
na frente da televisão e foi ver o seu desenho favorito mexendo no seu novo
celular.
Indo no seu quarto procurando os fones do celular que tinha
atirado encima da cama, seu guarda-roupa dá uma pequena balançada, Ana pula pra
cima da cama, o guarda-roupa volta a tremer, a porta começa a abrir
devagarinho, ela atira uma almofada na porta que fecha rapidamente como se
alguém do lado de dentro a tivesse fechado. Ana corre pra sala louca de medo e
avisa os seus pais que tinha alguma coisa dentro do seu guarda-roupa. Eles vão
até o seu quarto abrem o guarda-roupa, mas ele tinha apenas as roupas de Ana e
nada a mais.
Ana está deitada na sua cama de madrugada, já tinha passado
da hora de dormir, se vira de um lado pra outro diversas vezes, mas o sono não
vinha, a sua janela estava entre aberta, era de vidro, tinha uma cortina branca
quase transparente onde era possível ver a lua que estava cheia e iluminava
parte do quarto.
Ana escuta novamente os barulhos de dentro do seu
guarda-roupa, que fica nos pés de sua cama, se esconde debaixo das cobertas
deixando só os olhos de fora, os barulhos param e recomeçam com mais força, Ana
com muito medo desce da cama, calça seus chinelos e corre até o quarto dos seus
pais, chegando na porta escuta gemidos, Ana abre a porta e os gemidos param,
ela chama sua mãe, mas seu pai a manda ir dormir.
Ana volta pro seu quarto chorando com medo dos barulhos dentro
do seu guarda-roupa, quando ela se deita os barulhos recomeçam, debaixo das
cobertas ela pega o seu celular novo, liga pro seu amigo Paulinho, fala tudo o
que estava acontecendo, ele então diz que poderia ser um bicho-papão, que uma
faca com lágrimas pode matar um bicho-papão. Ana caminha na ponta dos pés até a
cozinha onde pega uma faca e coloca uma gota de sua lágrima na lâmina e volta
pro quarto.
Alguma coisa estava embaixo de sua cama, a porta do
guarda-roupa estava entre aberta, o bicho-papão tinha saído do guarda-roupa e
ido pra debaixo da cama, Ana estava tremendo dos pés a cabeça, o bicho começa a
bater nos estrados da cama, Ana teve que se segurar pra não se mijar de medo,
quando o bicho parou de se mexer ela pegou a faca e com toda a coragem que conseguiu
reunir, passa a faca diversas vezes embaixo da cama até que acerta, o bicho
grita e corre pra dentro do guarda-roupa novamente. O pai de Ana percebendo as
movimentações e os barulhos aparece no seu quarto e a manda dormir aos gritos nem
deixando Ana falar o que estava acontecendo.
Ana fica na frente do seu guarda-roupa com a faca na mão,
então enfia a faca no vão das portas e escuta um grunhido agudo de dor sair de
dentro do guarda-roupa, Ana dá dois passos pra traz e a porta do guarda-roupa se
abre, de dentro caí morto um bicho pequeno que parecia ser um feto deformado,
Ana suspira de alívio, tinha matado o bicho-papão, mas nesse exato momento escuta
pesados passos atrás dela, quando se vira vê o bicho-papão mãe, Ana havia
matado o filho dela, caí uma lágrima do seu olho esquerdo e o bicho-papão, que
parecia um pequeno dinossauro grotesco todo deformado, passa por ela e vai até
o quarto de seus pais, Ana apenas escuta os gritos de desespero e de carne
sendo dilacerada. Depois de alguns minutos o bicho-papão volta coberto de
sangue e entra novamente dentro do guarda-roupa desaparecendo.
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