A Madre Tereza acorda cedo como de
costume, desamarra seus longos cabelos pretos que estavam presos por uma fita,
se espreguiça como sempre faz ao levantar, retira seu pijama e coloca o seu
hábito para começar as suas primeiras rezas. O sol ainda não tinha dado as
caras para o início da manhã, os passarinhos ainda se mantinham silenciosos.
Uma brisa gelada passa pela janela, fazendo a Madre ter calafrios espontâneos,
caminha até a janela olhando para a rua, que estava deserta, muito incomum
mesmo para aquele horário, sempre tinha alguém na parada esperando o primeiro
ônibus a circular. Ela sempre cumprimentada quem estivesse ali seja ela quem
for, mas dessa vez passou em branco.
Ajoelha-se na cama e começa suas
orações de começo do dia, mas teve que parar imediatamente quando um passarinho
bate na sua janela com força, parecia que vinha em um mergulho veloz até o
vidro, não resistiu morreu com o pescoço quebrado, a Madre decidiu homenageá-lo
dedicando algumas das orações para ele.
Poucos minutos depois de terminar
todas as preces, a freira Dorothy bateu na sua porta.
- Bom dia, Madre!
- Bom dia, irmã! Despertou cedo hoje,
antes do sol nascer, já está pegando as minhas manias!?
- Não Madre, já viu que horas são?
Tereza olhou para o relógio que
ficava encima de sua porta, estava tão acostumada a acordar no mesmo horário
que nem se dava o trabalho de olhar o relógio. Já eram oito horas da manhã,
algo estava errado, o sol ainda nem mostrava sinal de aparecer, e mesmo que
estivesse nublado, o que não era o caso, pelo menos uma claridade tinha que
ter, mas a escuridão era total e absoluta, o breu era a única coisa visível a
alguns metros de distância. As duas saem do quarto.
- O que será isso Madre? – Dorothy
estava assustada.
- Já viu se esse relógio está mesmo
certo?
- Sim, vi sim.
- Não deve ser nada, ás vezes o sol
demora a nascer.
- Mas se não for isso, e se tiver
começado o juízo final?
- Não fale besteira Dorothy, vamos
temos muito que fazer hoje, cadê o resto das irmãs?
Dorothy não teve tempo de responder a
pergunta, escutam batidas na porta de entrada do Convento, batidas fortes e
constantes. Tereza se encaminha para abrir, mas Dorothy a segura pelo braço.
- Estou com um mau pressentimento
Madre! – ela estava com os olhos arregalados.
Tereza não deu bola para a suplica
dela e se dirigiu até a porta, demorou a abrir por alguns segundos, pois
escutou um tipo de choro no outro lado, abriu a porta com rapidez. Não tinha
ninguém no outro lado, olhou pro céu e estava preto como se fosse de madrugada
ainda, algumas luzes que iluminavam a rua estavam apagadas, o que dava uma
sensação fantasmagórica ao local.
Tereza se vira para fechar a porta e
um vulto preto pula encima dela, uma garota enlouquecida estava nas suas
costas, fazia um tipo de grunhido com a boca, ambas caem no chão, a Madre tenta
se desvencilhar, mas é mordida no braço, os dentes da garota pareciam podres. A
mordida arranca um pedaço de carne, Dorothy desesperada tenta ajudar de alguma
forma, quando toca na garota desesperada ela para, a observa com um olhar de
terror, sai de cima de Tereza e vai pro canto como se estivesse com medo de
Dorothy.
Dorothy se ajoelha no chão com o
olhar fixo para frente, suas íris tinham desaparecido ficando apenas com os
olhos brancos assustadores, Tereza levanta confusa enquanto ela começa a falar
com uma voz distorcida e alta.
- A película do turvamento foi
ultrapassada, os herdeiros do grande pilar da criação vão sugar tudo o que é
deles por direito. Hoje a ascensão eterna do mal começa. – ela cai no chão
babando.
Continua...
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