"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade" - Edgar Allan Poe

W. R. SANTHOS

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Porto Alegre, Rs, Brazil
Escritor. Pintor. Cineasta Amador.

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sexta-feira, 29 de abril de 2016

Andressa Amberg – Canções da Madrugada



Ela acordou com os barulhos vindos da cozinha, isso já fazia parte do seu cotidiano, mas ficou aterrorizada quando sua mãe gritou lá de baixo, por um momento Andressa pensou em se levantar e defende-la desistiu quando escutou os passos subindo os degraus da escada, se apressou em sair de baixo das cobertas e descer da cama, correu pegou seu terço e se escondeu dentro do armário, as lágrimas recém tinham caído dos seus olhos quando a porta do armário foi aberta violentamente. Andressa foi puxada para fora sem o menor cuidado, bateu sua cabeça no chão e deixou seu terço cair, foi arrastado pelo pé para fora do quarto, a única coisa que ela viu foram aqueles olhos vermelhos sangue fixos nela.

Andressa acorda como se estivesse dentro de uma piscina, tamanho era o seu suor, sua cabeça estava girando e doía muito, com dificuldade ela se levanta e fica um tempo sentada na cama até ouvir batidas na sua porta.

- O que está acontecendo aí? – uma velha estava no outro lado da porta.

- O que você quer? – Andressa com os olhos ainda um pouco fechados.

- Eu não consigo dormir com esses gritos.

- Que gritos?

- Os seus, não aguento mais essa gritaria de noite, eu preciso dormir, esse negócio de “Para pai! Eu quero meu pai.” Tem que parar ou vou falar com o sindico. – a velha estava bastante braba.

- Faz o que quiser velha louca, só não bata mais na minha porta. – Andressa fechou a porta na cara da velha.

Andressa caminha até a geladeira, mas se decepciona, pois não tinha nada pra beber, não vou conseguir dormir sóbria ela pensou, as cenas daquele pesadelo estavam voltando pra sua mente, porque não eram simples sonhos, eram memórias.

A rua estava deserta, a madrugada era convidativa pra alguma coisa terrível acontecer e ela sabia muito bem o que poderia surgir na escuridão, às pessoas normais tinham sorte de não saber o mal que lhes espreitava, único motivo de não temer era pelas coisas que já tinha passado, o mal era uma coisa soturna e poderosa, sempre com uma tática nova pra arrebentar a sua defesa por mais forte que ela seja, ninguém nunca estava livre de sucumbir a essas forças, e isso era o que deixava Andressa receosa por cada passo dado, mas pronta pra enfrentar, a luz era intrusa na noite e isso era algo de se preocupar.


Andressa sabia exatamente onde ir, o Bar Céus, um lugar que ficava aberto a noite inteira, e onde ela costumava a conseguir seus trabalhos fora do comum, mas que no momento só queria mesmo era uma bebida forte. Diversas mesas e cadeiras espalhadas pelo salão, uma banda de rock bem ruim se apresentando no fundo sem que ninguém estivesse prestando a atenção, e no outro lado o balcão das bebidas onde se dirigiu sem demora.

O balcão estava cheio, mas ela conseguiu um jeito de se aproximar, puxando o zíper da sua jaqueta e mostrando levemente os seus seios, não era a única mulher no ressinto, mas com certeza era a mais bonita.

- Oi Dulce! – ela cumprimentou a mulher do outro lado do balcão que fumava um cigarro, já tinha uma idade avançada ainda mais tão mal cuidada como aparentava.

- Andressa você me deve!

- Eu sei, eu sei, e vou pagar to juntando dinheiro especialmente pra ti. – Andressa sorriu.

- Toma essa bebida aqui, e sem confusão aqui hoje, to tentando me manter longe da polícia.

- Sabe que nunca começo nada.

- Não é o que dizem.



A bebida realmente era forte chegou a queimar sua garganta enquanto descia, seus pensamentos voltaram para aquele sonho, tateou a jaqueta a procura de um cigarro, mas não achou, já ia pedir um pra Dulce quando uma mão se estendeu na sua frente com um de prontidão.

- Hector!? – ela levantou o rosto na sua direção.

- Isso não é hora de damas estarem na rua.

- Nem de cavalheiros, mas como não somos nenhum dos dois estamos bem.

- Verdade! – ele falou abaixando a cabeça.

- O que está fazendo aqui a essa hora da madrugada?

- Um caso de possessão em uma menina.

- Saiu tudo bem?

- Ainda não, tive que sair de lá pra tomar um ar.

- Qual entidade está no corpo dela?

- Aí que está o problema a coisa que está possuindo ela é o mais forte que eu já vi na minha vida.

Andressa foi com ele até a casa onde a menina estava, amarrada na cama e babando uma espuma preta, a mãe dela os recebeu, Hector nem a olhou parecia estar envergonhado de ainda não ter conseguido ajudar a filha dela, já a mãe olhou pra Andressa com os olhos cheios de esperança, mal sabia que só estava ali por curiosidade e não tinha nenhuma intenção de fazer algo relevante.

- Fique o mais longe possível e não fale nada. – Andressa fez uma cara esquisita quando ele falou isso.

- Acha que sou alguma amadora, já enfrentei mais coisa do que você e todos os seus amigos juntos. – ele não retornou o olhar.

- Com a força de Deus Todo-Poderoso, em nome de Jesus Cristo, o Redentor, e pela intercessão da Virgem Imaculada, ó Deus Espírito Santo: ordenai a todo mal presente, a todos os espíritos impuros, que nos deixem imediatamente para nunca mais voltar, que vão para o fogo eterno, acorrentados pelo Arcanjo Miguel, por São Gabriel, São Rafael. – ele rezou com a mão esticada na menina que permanecia adormecida. 

Andressa se aproximou da menina alguma coisa estava saindo da sua pele, pequenos vermes saindo de dentro dela, o cheiro de enxofre era apavorante, a menina desperta como um leão na espreita para dar o bote, Andressa dá dois passos pra trás e é agarrada por Hector.

- Desculpe, eu sempre gostei de ti, mas minha alma foi roubada por ela, esse é o único jeito, me perdoa!?

- Cala a boca verme ou vou estraçalhar a sua alma. – a menina se pronunciou, seus olhos pareciam de gato. – Era você mesmo que eu queria, Andressa minha doce garotinha, sabe ele ainda lembra de ti, e lembra muito bem.

- Pare de mentir, quem é você vadia sofredora dos infernos? – Andressa tentava se desvencilhar de Hector em vão.

- Sabe sim, eu sei que ainda tem pesadelos com ele, do jeito que ele te tocava de noite, acariciando seu corpo delicioso e lambendo cada extremidade, quando começou mesmo? Ah lembrei com quatro anos, não é?

- Cada manto do reduto, cada centímetro de sua lápide. – Andressa tomou folego pra se lembrar das palavras certas. - Avínu shebashamáim itqadash shemekha. Tavô malkhutekha, ieassé retsonekha caasher bashamáim gam baárets. Et léhem huquêinu ten lánu haiôm. Umehal lánu al hovotêinu caasher mahálnu gam anáhnu lehaiavêinu. Veal teviêinu lidêi nissaiôn ki im tehaltsêinu min hará. – quando terminou menina caiu na cama.

- Que merda é essa? – Hector estava assustado.

- Idiota! Nunca aprendeu hebraico. – Andressa deu uma cabeçada no nariz dele, a soltou sangrando. – Um imbecil completo é isso que você é, infelizmente ainda te devo algumas coisas, mas só por isso, só por isso vo salva a sua alma. – ela se ajoelhou diante da cama juntou as mãos como se fosse fazer uma oração. - Refaênu Adonai venerafê, hoshiênu venivashêa, ki tehilatênu áta, vehaale aruchá urefuá shelema lechol macotênu, ki El mélech rofê neeman verachaman ata. Baruch ata Adonai, rofê cholê amo Yisrael.

Hector não se moveu estava esperando para ver se ela ia conseguir, tudo ficou calmo durante um tempo o que fez eles acharem que tudo tinha dado certo. A lâmpada estourou e uma entidade apareceu nas sombras cantando uma música “A janelinha fecha. Quando está chovendo. A janelinha abre. Se o sol está aparecendo. Fechou, abriu. Fechou, abriu, fechou. Abriu, fechou. Abriu, fechou, abriu”.

Andressa teve a sensação que seu corpo estava sendo atingido por um choque de mil volts, tremeu como nunca antes na sua vida, já enfrentou dezenas de criaturas das sombras, mas nunca tinha sentido uma presença tão maligna e poderosa como esta. O quarto parecia levemente distorcido, como se a aura da criatura estivesse deformando a realidade, sua força esvaindo sua mente turva, pensou seriamente que perderia a alma também.

- Pena que não vou conseguir ficar por mais tempo aqui, mas logo minhas forças estarão completas e vou voltar a te visitar “minha doce lutadora”. – falou essa ultima parte como se fosse algo que Andressa reconheceria, e reconheceu, lágrimas caíram do seu rosto.

Assim como apareceu a criatura desapareceu nas sombras, Andressa recuperou suas forças, mas mesmo assim caiu de joelhos no chão, estava muito abalada suor corria pela totalidade de seu corpo, sua mente estava em um turbilhão de pensamentos e lembranças antigas, a única coisa que ela sabia realmente que deveria descobrir quem era essa entidade misteriosa.

Andressa colocou a menina de volta na cama e acordou Hector que estava apagado no chão, chamou a mãe dela que estava na cozinha rezando enquanto Hector chorava pedindo perdão pelos seus atos, Andressa nem deu bola para ele foi até a cozinha e abriu a geladeira e encontrou uma garrafa de vodka, era tudo o que precisava, saiu sem dizer mais nenhuma palavra, caminhou até sua casa pelas ruas escuras pela primeira vez temendo o que poderia estar espreitado na escuridão.  


sexta-feira, 22 de abril de 2016

Manicômio - Parte 1



Relatos


A maioria das freiras já tinha abandonado aquele manicômio que era administrado pela igreja, os boatos eram vários, o mais forte era que as crianças internadas ali estavam possuídas pelo tinhoso, o diabo. A freira Dorothy foi a ultima a abandonar o local, em uma noite fria de outono deitada na sua cama pronta pra dormir com uma vela no lado da cabeceira, um sopro vindo de onde ela não identificou apagou a chama da vela, a freira costumava a deixar o seu cãozinho vira-lata dormindo embaixo da cama, e sempre abaixava a sua mão pra ele dar uma lambida, e foi isso que ela fez quando a vela se apagou de repente, a presença dele sempre a deixava mais confiante, escutou alguns barulhos no seu pequeno banheiro, recebeu outra lambida do seu cão embaixo da cama e se levantou. Abriu a porta de madeira e não havia ninguém ali, mas viu algo escrito no espelho, acendeu a vela e leu “Nós também gostamos de lamber!”, ela gelou, sentou na tampa da privada, notou que tinha alguma coisa que estava deixando a tampa entre aberta, quando abriu era o seu cão dilacerado, ao soltar um grito de pavor algo saiu correndo debaixo da sua cama  desaparecendo no corredor escuro.


Depois da saída de Dorothy as coisas ficaram um pouco mais calmas, o Bispo Alfredo que assumiu o local há pouco tempo achava essas historias fantasias de freiras sem vocação, as crianças internadas naquele local mereciam um tratamento da ciência e não de contos noturnos, o que era um pouco hipócrita pra uma pessoa que vive pela religião, muitos achavam, nesses incluíam o Padre Samael, que o Bispo recebia dinheiro de alguns estudiosos.


Quarenta crianças entre 5 até 16 anos estavam internadas ali no momento, muitas delas gritavam a noite inteira dizendo que alguma coisa estava dentro delas, alguns iam mais afundo e se mutilavam com o que encontrassem pela frente. Em uma noite uma delas com uma tesoura que pegou escondida conseguiu arrancar boa parte da pele do seu peito, o Padre Samael vomitou diversas vezes naquela noite terrível, o menino Taylor tinha apenas oito anos e não passou dessa idade, os ferimentos o mataram em dois dias, ele foi enterrado no cemitério atrás do manicômio.


Desejo

A freira mais jovem era Judity de 22 anos, foi chamada pra lá como pedido especial do Bispo Alfredo, olhos verdes, rosto de anjo, parecia ser extremamente inocente, seus pais tinham morrido de tuberculose e durante o enterro disse ter visto no céu a imagem de Jesus, abdicou de tudo e seguiu sua vocação. Padre Samael diversas vezes a viu saindo de dentro da sala do Bispo durante a noite, alguma coisa estava errada e ele sabia.

- Posso perguntar o que estava fazendo a essa hora dentro dos aposentos do Bispo? – o Padre perguntou.

- Estava apenas o ajudando em algumas cartas. – notou que ela tinha grandes olheiras, mas não pode continuar com os questionamentos, um grito alto de uma das crianças os interrompeu.

Trevas

Os gritos eram do garoto do quarto 16, era o único que não tinha um nome, ele foi abandonado na porta do manicômio um ano atrás, estava desacordado e assim permaneceu até o momento. Quando o Padre chegou diversas freiras estavam na entrada da porta, mas nenhuma com coragem para entrar, ele abriu caminho e entrou, o que viu foi o garoto sentado na cama com um sorriso estranho no rosto, era um pouco malicioso como se estivesse querendo fazer algo muito ruim, o Padre chegou com cautela nele.


- Oi! Bom que acordou finalmente.

- AÇAEMA AMU ÉZUL A EDNO OROME IAPMES OHLIFMU UOSUE! – disse essa frase com uma voz que parecia metálica.

- Que? – o Padre se assustou e recuou.

O garoto ficou de pé na cama, estava muito magro, no período em que estava em um tipo de coma só se alimentava por líquidos, arrancou as roupas que estava vestindo, suas costelas e braços finos ficaram a mostra, seu corpo também estava todo marcado por cicatrizes antigas e diversas outras recentes que o padre pode notar que algumas eram feitas por cigarro. Ele caminhou até o Padre que recuou mais ainda, os olhos do garoto ficaram pretos, a porta se fechou com uma forte batida, a janela que estava aberta deixava entrar agora uma forte ventania que dificultava a visão do Padre que estava de frente para ela, o garoto então pula encima dele o derrubando no chão, montado encima dele o garoto começa a rezar o “pai nosso”.


- Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu. Viu Padre ridículo, nós não temos medo, me ajude pobre homenzinho fraco, eu sei que tu me queres! – o padre tentou sair, mas o garoto apesar de sua magreza estava extremamente forte.

- Vá de retro satanás, em nome de Jesus Cristo, me dê forças.

- Nós não temos medo lixo. – o garoto vomita sangue encima do padre. – Sinta meu sangue padre, sinta o que eu sinto, o sangue sagrado dele.

O Padre estava coberto pelo sangue do garoto que continuava com aquele sorriso diabólico no rosto, estavam tentando arrombar a porta do outro lado sem sucesso. O garoto começa a dar tapas no rosto do padre com violência, e com as unhas arranhando, no desespero ele consegue se virar e engatinhar pra longe, mas é puxado novamente pelo pé, então com o crucifixo que encontrou no chão crava no pescoço do garoto, começa a se contorcer no chão urrando algumas palavras que o padre não conseguiu identificar, uma espécie de fumaça preta envolve o corpo do garoto, por uma fração de segundos o padre teve a impressão de ter visto um rosto se formando na fumaça, o garoto é jogado por uma força invisível no teto e logo depois com mais violência ainda no chão, sua cabeça é esmagada pelo impacto, a fumaça desaparece, o padre se levante em meio dos miolos no chão, a porta finalmente é aberta, logo depois dos gritos histéricos das freiras com a visão do corpo sem cabeça, o Bispo aparece no quarto.


sexta-feira, 15 de abril de 2016

A Carta - Escrito por Juliana Carvalho Vieira


São Paulo 06 de Junho de 2006.

Querido Marcel

Sempre pensei que ao morrer todos nós iríamos direto para um lugar bonito, que os nossos problemas aqui na terra seriam todos resolvidos, isso é o que os pastores dizem na TV, isso tudo era uma grande baboseira que não tinha serventia nenhuma a não ser arrancar dinheiro dos pobres coitados.

Meu amor por sua culpa tirei a minha própria vida, fiz isso, pois não aguentava mais as suas agressões físicas e mentais, quantas e quantas vezes eu fui humilhada na frente de seus amigos, quantas vezes você me maltratou e depois dos tapas das humilhações você vinha com um pedido de desculpa que iria mudar, que me amava. E eu tola sempre acreditava, tinha a esperança de que tudo iria mudar você deve estar pensando como fui fraca, burra em chegar ao ponto de tirar minha vida, mas sim fui burra e fraca em acreditar nas suas mentiras em acreditar que você poderia mudar.
Há se eu pudesse voltar atrás eu não tinha bebido tanto naquela noite não tinha me deixado levar por aquela situação. O álcool tomou conta de mim, me dando coragem de cortar os pulsos sem pensar nas consequências.

Choro todas as noites não suporto viver nesse lugar, viver em um mundo sombrio com seres que rastejam e perambulam entre-nos, seus rostos foram dilacerados pelos cães do inferno, em suas bocas escorrem uma babada escura que não cessam de escorrer, aquilo me repugnava me dava ânsia, aonde eu ia sempre me deparava com algum desses seres suas peles foram queimadas pelo fogo, esses seres já foram como nós e hoje vive nas lucilações, sofrimento, desespero pela paz. 




Quando cheguei aqui não sabia o que fazer se suplicava por perdão, se chorava ou se tentava fugir, mas tudo que fiz foi me encolher em um canto de uma caverna pra chorar, chorei por dias, horas até que tomei coragem de tentar fugir. Corri o mais depressa que eu consegui, fui em direção às montanhas, mais quanto mais eu me afastava das cavernas, mais as montanhas ficavam distantes de mim. Quando achei que estava próximo das montanhas cai em um lago escuro a minha volta tinha algumas cabeças decepadas, quanto mais eu tentava sair dali mais eu me afundava ,chorei gritei por socorro mas não tinha ninguém por perto, foi  quando olhei em direção as cavernas e enxerguei um anjo se aproximando de mim, logo pensei estou salva o anjo veio me tirar desse lugar imundo, mas eu estava enganada  o que se aproximava de mim era sim um anjo. Yekun o anjo caído ele foi o primeiro anjo a seduzir a desencaminhar os anjos e por isso foi banido do céu, com suas assas de penas negras e ensangüentadas seus olhos eram vermelhos com brasa em chama ao seu lado estava seu cão Khel ele era enorme mais parecia um lobo pronto pra atacar, sua baba era uma gosma preta que mais parecia um ácido quando tocava nossos corpos, ele rosnava latia ameaçava atacar, mas obediente aguardava o comando do seu dono, Yekun me arrastou pra fora do lago ali mesmo senti que meu sofrimento só estava apenas começando, com um sinal com os olhos seu cão se aproximou de mim, sua baba caiu na minha coxa senti uma dor imensa parecia que minha pele estava pegando fogo, foi ai que ele me atacou suas patas estavam em cima de meu peito, por mais força que eu fizesse pra sair dali ele nem se movia rasgou minha pele me sacudiu como ursinho de pelúcia sempre pensei que depois de morta nunca mais sentiria tanta dor.

Quando eu já estava perdendo as forças Yekun já saciado com meu sofrimento ordenou que seu cão parasse e me deu um aviso que aproxima tentativa de fuga meu castigo seria pior, me arrastou de volta as cavernas e la fiquei com as minhas feridas, não existe médicos, remédios nossas feridas já mais cicatrizam. Somos tratados como escravos vivemos em momentos de pânico e pavor, quando não cumprimos nossas tarefas sofremos os piores castigos ate perdermos a consciência.
Querido não aguento mais esse lugar, me sinto suja, fraca, debilitada, com sede e fome, sinto que a cada dia estou enlouquecendo, não tenho esperança de sair daqui, fui condenada a viver a eternidade no inferno, tentei rezar pedi perdão, mas sempre ouvia uma voz aterrorizante e macabra que me dizia:

- Não adianta rezar, até seu Deus sabe que você nunca deveria ter vindo parar no inferno.

Desisti de sair do inferno aprendi a viver aqui, aprendi me alimentar dos mortais, aprendi como enlouquecê-los e com isso parei pra pensar que estava cansada de sofrer sozinha e vendo você querido feliz com a sua nova família, esquecendo que você foi o verdadeiro culpado pela minha morte.

Você estar pensando como lhe envie essa carta, pois vou lhe explicar como eu disse anteriormente somos escravos e vocês vivos são nossas marionete  a cada duas semanas vamos a terra fazer a cabeça dos humanos para beber, consumir drogas até mesmo matar e foi um pobre coitado drogado que fiz escrever sua cartas e largar em sua casa, hoje esse pobre coitado vai me ajudar  a te enlouquecer essas não foi a primeira carta minha que você recebeu as outras você sempre rasgou  com medo da verdade, mas eu sei que você pode me sentir me aproximando de você. Fique calmo meu amor estou indo te buscar-te, para vivermos juntos e passar a eternidade no inferno eu e você juntos, sofrendo, agonizando de dor, suplicando por perdão. Estou mais perto do que você imagina, quando eu chegar você nem vai notar minha presença.


Esta com medo?  Não sinta vou cuidar de você.


sexta-feira, 8 de abril de 2016

Mil Anjos Mortos – Deus Precisa de Nós


Nanda acordou cedo nesse dia, tinha milhões de coisas pra fazer no escritório, era terça-feira mais o cansaço era tanto que parecia ser sexta, o clima estava nublado e abafado e o ar-condicionado da sua sala estava quebrado, tinha pedido pro seu chefe arrumar, mas as coisas eram lentas pra esse tipo de coisa, menos pro trabalho as coisas eram lentas, as pilhas de processos pra digitar aumentavam cada hora mais, ela estava prestes a explodir, e infelizmente isso realmente aconteceu.

- Nanda, preciso desse documento pra daqui dez minutos. – disse seu chefe sem nem ao menos olhar pra ela.

- Mas eu tenho dois outros que são super urgentes pra agora, não posso parar com eles. – a respiração de Nanda tinha mudado.

- Achei que esses documentos já tivessem prontos.

- Claro que não, o senhor me entrego eles hoje de manhã e são enormes, eu nem almocei ainda tentando termina-los.

- Largue esses e faça o que eu mandei, tu já foi melhor Nanda.


- Não! – Nanda tremia um pouco. – Não! Eu vou terminar o que estou fazendo agora. – um calor tinha subido do seu peito pro rosto. – Eu estou cansada, cansada de tudo isso. – Nanda se levantou derrubou os papéis encima da mesa e foi embora deixando seu chefe sem reação.

Nanda saiu do prédio tremendo da cabeça aos pés, nunca tinha feito algo parecido na sua vida, chegou no seu carro, mas não teve forças de abrir a porta de tão nervosa que estava, sentou no chão no lado do carro e chorou durante alguns minutos, tinha certeza que seria demitida, tinha dado duro pra conseguir esse vaga e perderia por um ataque por ter sido pressionada.

Se levantou aos poucos enxugando as lágrimas do rosto quando um pequeno estrondo muito parecido com um raio veio do céu, logo em seguida o céu ficou dourado, as nuvens foram furadas com uma chuva de meteoros, e um deles caiu encima do seu carro, amassando ele e quebrando os vidros, penas brancas flutuavam em todo o lugar até caírem no chão, depois do susto Nanda olhou ao redor tentando entender o que havia acontecido, alguma coisa estava se mexendo encima do seu carro, não tinham sido meteoros a cair do céu, mas por incrível que parecesse eram anjos.

Ela fica com receio de chegar perto dele, ainda não acreditava que realmente um anjo tinha caído do céu encima do seu carro, nada fazia sentido no momento pra ela, caminha de volta pra perto do seu carro, com a queda tinha se afastado um pouco. As penas brancas rodeavam todo o seu carro, eram super brancas e de quase trinta centímetros cada uma e algumas manchadas de um liquido dourado.

- Venha aqui, por favor, não tenho muito tempo. – a voz apesar da dor que saia dela era tão suave e nítida.

- Quem é você?


- Quem! Não o que! Obrigado pelo respeito. – ele se levantou um pouco mostrando assim seu rosto. Era simetricamente perfeito, ela não sabia explicar como, mas passava uma paz em seu olhar.

- O que está acontecendo?

- Fomos atacados como nunca antes, as forças escuras estão mais poderosas, o Senhor está em perigo, ele vai precisar de vocês mais do que nunca.

- Nós quem?

- Toda a humanidade.

- Deus realmente existe então, sempre tive minhas dúvidas, o que vai acontecer agora?

- As tropas da trevas viram pra terra, o mundo precisa se preparar, nosso pai precisa de nós. – ele tinha vários ferimentos pelo corpo onde um liquido dourado saia, Nanda agora sabia que era o seu sangue.

- Preciso te levar pra algum médico, não parece estar bem.

- Não, meu destino já está traçado, mas o teu ainda vai durar.

- Eu não tenho forças pra isso.

- Tem sim, só ainda não sabe. – ele esticou a mão e tocou seu rosto, imagens de uma menina entraram na sua cabeça. – Ache ela, essa é sua missão, ela saberá o que fazer a seguir. – e com um sorriso no rosto ele fechou os olhos e seu corpo esfriou.



sexta-feira, 1 de abril de 2016

A Garota que Desejava a Morte


Os dias estavam cada vez mais quentes em Porto Alegre, estava no ápice do calor, 30° graus era uma temperatura baixa pra certos dias o que antigamente era impensável pra uma cidade do sul do país, o calor estava escaldante, nuvens eram raras e o sol parecia um ditador impetuoso. Denise era uma garota rebelde que odiava os seus pais, típica rebelde adolescente, roqueira cheia de piercings e tatuagens, cabelo pintado de vermelho, ela nem gostava tanto disso, mas deixava seus pais irritados e isso era o mais importante pra ela no momento. Seus dias se passavam no parque da Redenção matando as aulas, bebendo e fumando com amigos, tudo parecia no mesmo marasmo de sempre, até que um dos amigos teve uma ideia de fazer um ritual em uma encruzilhada.

Denise estava nervosa nunca tinha feito nada parecido, pegou todas as suas correntes com crucifixos, botou sua roupa preta e se maquiou como se fosse uma vampira, durante a madrugada saiu escondida de casa. A rua estava deserta ficou com um pouco de medo, mas logo avistou o carro do seu amigo na esquina, entrou e eles partiram pra buscar os outros que iam participar do ritual. Depois de todos se apertarem dentro do carro, sendo Denise a única mulher partiram pro local, chegaram em um cruzamento da rua Protásio Alves que era bastante movimentada, mas de madrugada ficava deserta.


O dono do carro foi até o porta mala e tirou vários objetos, diversas cruzes, pentagramas, facas, imagens de demônios e um livro que na capa estava escrito “Lamo Dorvil”, chegou em Denise e deixou o livro com ela. Todos estavam de preto com correntes pela roupa fazendo um estilo entre góticos e punks, eram sete no total, sentaram no meio do cruzamento, a lua cheia estava iluminando eles com uma clareza pouco comum, estavam em círculo apenas o dono do carro estava em pé no meio e agora fazia um tipo de oração em latim. 


Denise notou um cheiro forte de podre, um dos caras que estava no seu lado tinha uma sacola com alguma coisa dentro, e logo ela descobriu, um filhote de cachorro morto, Gilberto que estava de pé termina sua oração e pega a sacola, caminha até o carro e volta com uma tigela com sete copos, dá um pra cada um, tira o filhote do sacola e espreme ele encima de cada copo, deixando um gole de sangue em cada, mando todos beberem, em seguida corta um pedaço da carne do filhote pra cada um, um dos amigos vomita, mas depois consegue comer, Denise come aquele pedaço mesmo com nojo sem problema.


Todos agora estavam de mãos dadas sentados no chão, Denise se levanta e vai até o meio da roda, instruída por Gilberto abre o livro na página 195, e começa a ler um verso “Os filhos são como os pais, os pais vão ser expurgados do ventre dos avós, nada mais restará da descendência, tudo que foi dito aqui será lembrado até o fim dos tempos, os filhos do filho renegado dos portões do éden vão trazer a tão sonhada paz pra aqueles que vivem o tormento da existência, espere pelo sopro”.



Assim que terminou de ler Denise se sentiu estranha, seu corpo ficou fraco, sentiu uma leve brisa no seu rosto e logo estava caída no chão sem reação, seus olhos ficam pesados até que apaga. Denise abre os olhos novamente seu corpo ainda estava fraco, mas com esforço consegue se levantar só que escorrega e cai novamente em algum tipo de gosma, quando olha mais atentamente tinha sangue por toda a volta, mas nenhum sinal dos corpos de seus amigos, de longe caminhando bem devagar vinha uma mulher vestida toda de branco, seus passos pareciam não tocar o chão com um movimento com a mão ela fez Denise flutuar. Ela não conseguia mais se mexer apenas ficava ali flutuando a mercê daquela mulher.

- Seus pais ou você? – a mulher falou no seu ouvido, o cheio de podre que vinha dela era insuportável.

- O que? Me solta, por favor?

- Quem deve morrer você ou seus pais? – falou colocando a língua na orelha de Denise. – Decida agora!

- Eu odeio eles, mas não quero que eles morram.


Foi só o que precisava, a mulher de branco com as unhas afiadas arranca a pele de Denise, ela grita de dor, só pode gritar e ver a sua pele sendo separada do seu corpo como um boi no açougue. Denise por alguma razão continuava viva mesmo sentido uma dor insuportável pra qualquer ser humano, estava ali em carne viva esperando a morte que não vinha até a mulher de branco falar novamente no seu ouvido.

- Ainda não acabou sua alma agora é minha, vamos pra um lugar bem divertido.


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